Diogo Manuel Azeredo Pais, natural de Viseu, mas com uma vida de mais de setenta anos a residir em Ourém, na Rua Artur de Oliveira Santos, Inspector de Finanças, homem impoluto e com uma força de carácter marcante. Senhor de uma vasta cultura, possuía uma significativa biblioteca pessoal, da qual tinha orgulho e se gabava justamente. Aliás, gostava de dizer, em jeito engraçado, que nenhum dos seus livros lhe contava algo de novo, pois já tinha lido cada um deles por diversas vezes, e eram muitos, mesmo.
Apesar de nunca se ter formado, os seus conhecimentos abrangiam desde a área das Finanças e da Economia, passando pelo Direito, em geral, e pelo Direito Administrativo, em particular, até à Filosofia e Ciência Políticas. Mas, os temas que dominava não se ficavam por aqui, não sendo raro vê-lo a discutir problemas da Grande História das Ideias Políticas, ou simplesmente temas da actualidade, não importando se se prendiam com a educação, com a saúde ou com a justiça, ou com outro tema qualquer.
Estamos-lhe profundamente gratos, pois muito do que aprendemos e sabemos hoje, devemos à sua infindável generosidade e aos incontáveis serões em que, sem qualquer esforço, o escutávamos na sua mais alta sabedoria.
Homem indomável nas suas ideias e convicções, a sua figura altiva perdurará para sempre na nossa memória.
Pena é que os nossos responsáveis políticos não saibam dar o devido valor e reconhecimento a quem dignificou, desinteressadamente e sem qualquer benefício pessoal, a nossa terra.
O seu nome numa rua da cidade, era uma justa e merecida homenagem que Ourém lhe podia fazer.
Haja vontade para tanto.
Presidente:
-Mário da Silva Coutinho Albuquerque (PPD/PSD)
Vereadores:
-David Pereira Catarino (PPD/PSD)
-António Gonçalves de Oliveira (PPD/PSD)
-Francisco António Dias Vieira (CDS)
-João Eduardo Serrano Rodrigues (PPD/PSD)
-António Agostinho dos Santos Pereira (PS)
-José Nunes Morgado (PPD/PSD)
E a "fiesta" continua. Depois de ontem, ainda na África do Sul, a Selecção Espanhola ter erguido a taça de Campeões do Mundo, jogadores e restante comitiva já chegaram a Madrid, a bordo de um A340 da Iberia adequadamente decorado para o efeito, e onde se podia ler em letras garrafais a expressão "Campeones".
Casillas e Vicente del Bosque foram os primeiros a sair do aparelho, trazendo o guarda-redes (eleito o melhor entre os seus pares neste mundial) o tão desejado Troféu.
Agora, após algumas horas de descanso, os campeões vão ser recebidos pelo Rei Juan Carlos, seguindo depois para a "Fiesta" num autocarro, como já é habitual, e irão percorrer as principais zonas e artérias madrilenas, com destaca para a famosa "Plaza de Cibeles", Gran Via, Calle de Alcalá e Puerta del Sol.
No passado dia 28 de Junho, durante o tradicional jantar anual do Lions Clube de Ourém, sempre muito animado, teve lugar a transmissão de poderes, ou troca de pastas, durante a qual foram eleitos, entre os seus pares, os “novos” membros do conclave para o ano “lionístico” de 2010/2011, cerimónia que nos motivou agora a escrever estas linhas.
Desde logo, porque achamos importante dar a conhecer a todos aquilo que significa realmente este “Clube”, qual a sua génese ou a sua história, a sua visão e missão, quais os seus objectivos e por que código de ética se rege.
Compreensivelmente, o texto terá de ser um pouco longo, mas, por essa razão, decidimos entremeá-lo com algumas imagens.
Tudo se passou nos Estados Unidos da América, quando, em 1917, um empresário de Chicago, chamado Melvin Jones (1879-1961), decidiu surpreender a associação de empresários da cidade e lhes fazer ver que era necessário dedicar também algum do seu tempo em prol do bem-estar e da melhoria das suas comunidades e do mundo que os rodeava.
Melvin Jones ousou fazer uma pergunta simples que viria a mudar o mundo: “e se as pessoas usassem as suas habilidades no trabalho pela melhoria da comunidade onde vivem?”.
Na sequência deste apelo, realizou-se em Chicago (Illinois, EUA), em 7 de Junho de 1917, uma reunião com os representantes de clubes masculinos, com o objectivo de fundar uma organização com aquela finalidade, tendo assim nascido o Lions Clubs International.
Em Outubro do mesmo ano, teve lugar, em Dallas, uma convenção da organização, na qual foram aprovados não só os estatutos e os regulamentos, como também os objectivos e o código de ética.
O nome Lions (Leão), na opinião de Melvin Jones, representava força, coragem, fidelidade e acção total.
Já o símbolo escolhido, dá-nos a ideia não só de fraternidade, companheirismo, força de carácter e propósito, mas, acima de tudo, a combinação das letras LIONS transmite ao país (EUA) um verdadeiro significado de cidadania: liberdade (Liberty), inteligência (Intelligence) e segurança da nossa nação (Our Nation’s Safety).
O emblema consiste numa letra “L” dourada numa área circular. Ao redor, existe uma área circular com o perfil de dois leões. A palavra “Lions” aparece na parte superior e “International” na parte inferior. Os leões olham para o passado e para o futuro, mostrando orgulho das suas tradições e confiança no futuro.
A visão, na óptica de Melvin Jones, já lá vão quase 100 anos, consistia em ser uma organização líder e global em serviços comunitários e humanitários, tendo por missão atribuir aos seus voluntários o poder para servir as suas comunidades e atender às necessidades humanas, fomentando a paz e promovendo a compreensão mundial através dos Lions Clubs.
Foram inicialmente consagrados sete grandes objectivos dos Lions Clubs:
1. Implementar, organizar e supervisionar os clubes locais, os quais deverão ficar conhecidos como Lions Clubs, e coordenar as suas actividades, através da padronização dos mesmos;
2. Criar e fomentar um espírito de compreensão entre os povos da terra;
3. Estimular os princípios da boa gestão e da boa cidadania;
4. Desenvolver um interesse real pela cidadania, pela cultura e pela valorização social e moral da comunidade onde se inserem;
5. Estabelecer laços de amizade entre os clubes, assim como o companheirismo e a compreensão mútuas;
6. Proporcionar um fórum para a discussão aberta de todas as questões para o interesse público, desde que a política e a religião não sejam temas de discussão entre os membros do clube;
7. Finalmente, incentivar as pessoas interessadas (membros) a servir a comunidade, sem interesses financeiros ou pessoais, promovendo a eficiência e elevados padrões éticos no comércio, na indústria, nas suas profissões, nos serviços públicos e na iniciativa privada.
Por outro lado, os membros da Organização são compelidos a respeitar oito princípios fundamentais que, no seu conjunto, constituem o seu Código de Ética:
1. Mostrar a minha fé no mérito da minha vocação, pela aplicação diligente à finalidade de que eu possa merecer uma reputação de qualidade de serviço;
2. Procurar o sucesso e exigir a remuneração justa ou lucro de acordo com o devido, mas não aceitar lucro ou sucesso ao preço da perda da minha auto-estima, através da obtenção de vantagem indevida ou por actos questionáveis da minha parte;
3. Lembrar que, na construção do meu negócio, não é necessário derrubar outro, e ser leal com os meus clientes e verdadeiro comigo mesmo;
4. Sempre que surgir uma dúvida a respeito da rectidão ou da ética da minha posição ou acção em relação a outros, resolver essa dúvida em benefício dos outros;
5. Manter amizades como um fim e não como um meio, tendo em mente que amizades verdadeiras existem não levando em conta o serviço prestado por outro, mas que as verdadeiras amizades não exigem nada além de aceitar o serviço no espírito em que ele é prestado;
6. Ter sempre em mente as minhas obrigações como cidadão para com o meu país e a minha comunidade, assim como dar-lhes a minha lealdade permanente em palavras, actos e intenções, concedendo-lhes voluntariamente o meu tempo, trabalho e meios;
7. Ajudar os outros, mostrando-lhes solidariedade com o seu sofrimento, oferecendo a minha ajuda aos fracos e a minha essência aos necessitados;
8. Ser cuidadoso nas minhas críticas e generoso nos meus elogios, e construir e não destruir.
Actualmente, o Lions Clubs International amplia a sua missão de serviço a cada dia que passa, quer nas comunidades locais, quer em todos os cantos do mundo. As necessidades são muitas, pelo que os serviços são variados, e abrangem áreas como a visão, a saúde e a juventude, passado pelos idosos e pelo meio ambiente, até ao alívio pós-catástrofes. A rede internacional do Lions Clubs cresceu, e já inclui mais de 206 países e regiões geográficas em todos os continentes.
Resta-nos desejar que o Lions Clube de Ourém tenha bem presentes os objectivos e o Código de Ética aprovados há quase 100 anos, e que não seja apenas um “Clube de Amigos” restrito, uma “feira de vaidades” medíocres e balofas, ou uma espécie de movimento maçónico com contornos e objectivos obscuros e diametralmente opostos à verdadeira génese da organização mundial fundada por Melvin Jones.