Vale a pena fazer uma pequena reflexão a propósito das obras que estão neste momento a decorrer na cidade de Ourém (e pelo concelho), as quais, diga-se desde já, temos de louvar.
Não obstante, há que dizer frontalmente que temos de acabar, de uma vez por todas, com a promiscuidade que existe entre a política e os empresários da construção civil, com essa grande chaga maléfica que é muitas vezes tida como normal, como decorrente das próprias relações entre o poder económico e o poder político.
A verdade, porém, é que todos sabemos como as coisas funcionam, e o quanto é fácil as pessoas deixarem-se envolver pelas teias da corrupção quando não têm escrúpulos nem carácter.
As “luvas”, as benesses, os favores, as contrapartidas, os patrocínios que depois podem ter (e geralmente têm) um preço demasiado elevado, tudo isto mina a credibilidade da política e, consequentemente, a confiança nos políticos.
Ourém não pode nunca transformar-se numa “Nova Oeiras”, onde os corruptos ou as pessoas menos escrupulosas são elogiadas pelo povo e passam incólumes pelos crimes que praticam aos olhos de uma justiça cega, manca, coxa e inútil (como alguém já lhe chamou, e bem), só porque fizeram obra.
Infelizmente, assistimos muitas vezes, mais até do que seria suposto ou normal, a uma mentira, por que dita reiteradamente, transformar-se em verdade absoluta.
Ora, não podemos nunca admitir que também os crimes se transformem em actos lícitos, só porque são praticados muitas vezes
Esta tendência tem de mudar radicalmente, sob pena de pormos em causa o próprio estado de direito democrático.
É, por isso, que compete a cada um de nós estar atentos a estes actos e denunciá-los quando nos deparamos com eles.
Esse é o nosso dever e a nossa missão enquanto cidadãos, dos quais não nos podemos jamais alhear ou demitir.
Por nossa parte, não deixaremos, nem por um segundo, de estar vigilantes e atentos.
O Procurador-Geral da República, Pinto Monteiro, disse esta semana, em entrevista ao “Diário de Notícias”, que os seus poderes assemelhavam-se aos da Rainha de Inglaterra.
Por nós, achamos que há, pelo menos, mais duas semelhanças entre o nosso chefe máximo do Ministério Público e a Monarca Inglesa.
Desde logo, o chapéu.
No entanto, o chapéu da rainha tem griffe e fica-lhe muito bem, ao passo que o do procurador é simplório e torna-o ainda mais parolo.
Depois, a presença nos cargos.
Se a rainha se tem revelado ao longo do tempo uma conservadora por natureza, com sentimentos gélidos e snob em excesso, e, por isso, já há muito deveria ter passado o testemunho, pelo lado de Pinto Monteiro as coisas não são muito diferentes, tendo o mesmo se revelado um provinciano e um inábil no exercício do cargo, metendo os pés pelas mãos, dando tiros nos pés e, por isso, igualmente dispensável.
Era um favor que fazia a si próprio, ao país e à credibilidade da justiça.
A não ser que uma figura balofa como esta, e no cargo que ocupa, seja conveniente e aproveite a alguém…