Eis a razão por que os ciganos búlgaros e romenos foram, desumana e selvaticamente, expulsos do território francês, graças à pérfida política de segurança e emigração de Nicolas Sarkozy: furtavam automóveis.
Eis a razão por que os ciganos búlgaros e romenos foram, desumana e selvaticamente, expulsos do território francês, graças à pérfida política de segurança e emigração de Nicolas Sarkozy: furtavam automóveis.
O presidente francês Nicolas Sarkozy prometeu aos franceses, à Europa e ao mundo que até ao final do mês passado repatriaria mais 1000 ciganos búlgaros e romenos para os seus territórios de origem.
Ao que tudo indica, parece que a promessa foi cumprida à risca.
Na origem de mais este repatriamento está o facto de que estes cidadãos estariam em situação ilegal em terras gaulesas, o que parece corresponder à verdade. Esta debandada geral provocou, à cabeça, um mal-estar no seio do próprio governo francês.
Face à polémica em torno da expulsão de ciganos do território, o Ministro dos Negócios Estrangeiros francês, Bernard Kouchner, ponderou mesmo apresentar a sua demissão, só não o fazendo por considerar que sair é desertar.
Todavia, é conhecido o passado de Kouchner e a sua participação activa em organizações de defesa dos direitos humanos, pelo que as críticas que lhe foram dirigidas subiram de tom e fizeram exaltar os ânimos.
Esta política discriminatória, particularmente em relação aos ciganos, motivou não só a reacção de governos, organizações de defesa dos direitos humanos e da sociedade civil, como também gerou reacções condenatórias ao mais alto nível, tendo, por exemplo, as Nações Unidas e o próprio Papa Bento XVI condenado veementemente esta política de Nicolas Sarkozy em matéria de segurança e emigração.
Não obstante, o Ministro dos Negócios Estrangeiros francês veio dizer que a França não tem nada de que se envergonhar.
Parece-nos que é precisamente o contrário: a França tem tudo para se envergonhar, já que, sendo historicamente um dos países da Europa com maiores tradições em matéria de imigração e um país tido como respeitador dos direitos humanos, essa atitude racista e xenófoba não deixa, como alguém já afirmou, de “constituir um descrédito irreparável para o prestígio da França no mundo”.
E é importante termos bem vivo na memória o que se passou durante o regime nazi e todos os acontecimentos trágicos de má memória que lhe estão historicamente associados, desde logo o extermínio de milhões de pessoas, sobretudo judeus, mas entre as quais também se contavam precisamente os ciganos.
Tudo isto pode-se traduzir num imenso rastilho de pólvora para a Europa, já de si fragilizada pela periclitante situação económica e financeira que tem experimentado nos últimos anos, o que gera descontentamento e inquietação social.
A acrescer a tudo isto, existe já o contágio destas políticas xenófobas e destes fenómenos retrógrados a países como a Itália, os países de Leste ou até a própria Alemanha. E não se sabe quem mais se seguirá por arrastamento…
Assim sendo, esta política intolerável de Nicolas Sarkozy poderá aproveitar às direitas radicais e extremistas da Europa, mas será de longe um retrocesso para a imagem e credibilidade do Velho Continente no mundo.
Oxalá os políticos franceses não se venham a arrepender de mais esta argolada, e do mal irreparável que possam vir a impor a uma Europa que se quer tolerante, humanista e defensora dos direitos humanos.
Afinal, quem dizia que Nicolas Sarkozy, no quadro da União Europeia e em matéria de direitos humanos, estava a seguir por caminhos ínvios, não se enganou absolutamente nada.
Agosto é o mês de férias por excelência.
Para além dos que cá estão todo o ano, é em Julho e, sobretudo, em Agosto que chegam os nossos emigrantes, filhos e filhas da terra que, regressando às origens, fazem questão de visitar as famílias e os amigos ano após ano.
Ourém tem um concelho com muita emigração, fruto de tempos que outrora foram difíceis (e hoje, em certo sentido, não estamos melhor), sem perspectivas de futuro e amordaçado nas suas mais básicas liberdades.
Estes condicionalismos levaram a que muitos dos nossos conterrâneos tivessem que partir em busca de dias melhores e de um futuro mais promissor.
E por lá foram ficando, e por lá ficaram a trabalhar, e por lá constituíram família…
Mas, todos os anos a saudade fala mais alto, e as suas terras de origem são o seu destino.
Actualmente, já são as segundas e terceiras gerações dos “pais” emigrantes que constituem o grosso da “coluna” e, essas, apesar de nascidas nos países de acolhimento (França, Alemanha, Luxemburgo, Suiça…) e, certamente, por influência dos seus progenitores, não querem perder os laços fraternos e a ligação com a terra natal dos seus familiares.
Nasce, assim, um novo intercâmbio cultural, de valores e ensinamentos diferentes, uma nova perspectiva de encarar a vida e o mundo, que torna a sua permanência nestas paragens mais enriquecedora e matizada de múltiplas cores e saberes.
Mas, mais cedo do que se deseja, logo vem a hora do regresso.
A alegria da chegada e do reencontro dá lugar às lágrimas da despedida e da saudade.
Na bagagem levam a esperança de voltar, coisas boas cá da terra e pedaços de lembranças que a curta ou longa viagem de regresso logo se apressa a transformar em filme.
Um filme que se repete todos os anos, e que vale sempre a pena assistir.
PS: Ainda esta semana a Câmara Municipal de Ourém (CMO) promoveu um encontro com os emigrantes do nosso concelho, abrindo-lhes as portas dos Paços do Concelho e promovendo uma sessão de esclarecimento sobre o PDM.
Queremos felicitar, por isso, a CMO por esta iniciativa.