“O único erro de José Sócrates foi ter integrado no Governo gente que, há anos, considerava sustentável o sistema de pensões que existia.
Só agora e com uma década de atraso, se reparou na sua impossibilidade.
Quem «vê» com dez anos de atraso não pode servir num tempo de mudanças rápidas, como é o nosso.
Não temos margem para andar tão devagar e com vistas tão curtas.
Por várias razões, o Estado social português não poderá manter-se intacto com uma economia que cresce, duradouramente, a uma taxa anual da ordem de 1%, ou até menos; com um desemprego instalado e muito elevado; com uma estrutura etária desequilibrada; com níveis já altíssimos de despesa pública e de carga fiscal; com um universo de «recebedores» do estado que ronda os 6 milhões de pessoas, considerando os funcionários, os pensionistas, os diversos subsidiados e beneficiários.
E assim por diante.
Reformas de preservação do Estado social não são de esquerda nem de direita, são de senso comum, de gente com visão do futuro e sem temor da verdade”.
Medina Carreira, Setembro de 2009