Novo Blog para o Concelho de Ourém. Rumo à Excelência. Na senda da Inovação
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publicado por João Carlos Pereira e Friends, em 31.07.10 às 17:18link do post | adicionar aos favoritos

 

Falamos hoje de três figuras emblemáticas que o concelho de Ourém adoptou e que têm uma característica em comum: o facto de terem pertencido a movimentos ligados a uma esquerda reivindicativa e radical, o MES (Movimento de Esquerda Socialista) e o Partido Comunista, e que acabaram por convergir todos para o Partido Socialista onde ainda hoje orbitam com pujança e vigor.

Falamo-vos do Prof. José Fernandes, de Avelino Subtil e do Prof. Carlos André.

Tivemos o prazer de conhecer o Prof. José Fernandes em dois momentos distintos: o primeiro momento foi na época em que era o mandatário em Ourém da candidata presidencial Maria de Lurdes Pintasilgo (nas eleições de 26-01-1986).

Foi na feira semanal das quintas-feiras, andávamos nós acompanhados pelo camarada Alberto Figueiredo, certamente a fazer campanha eleitoral, quando nos deparámos com o Prof. José Fernandes empoleirado numa escada a colar cartazes.

 

Questionámos o amigo Figueiredo sobre quem era a “personagem”, ao que nos respondeu que era o mandatário de Maria de Lurdes Pintasilgo, que era professor e que estava ideologicamente ligado ao MES.

O segundo momento, foi quando, por altura de 1988, o Prof. José Fernandes, professor de Filosofia no Liceu de Ourém, nos deu o privilégio de nos transmitir o seu saber e os seus ensinamentos numa área que, confessamos, nessa altura não nos saía muito bem nem nos era muito cara.

Recordamos, aliás, reconhecida e gratamente, o “louvor” que o professor nos concedeu no final do ano, estávamos nós no 12º Ano e com um pé a caminho da Universidade, e onde, após uma negativa no 3º Período, nos brindou com um inesperado 11 à Cadeira de Filosofia que leccionava, só para não nos estragar a entrada na Universidade e para não destoar junto dos 16 que obtivemos a História e a Geografia.

Se mais nada houvesse, este seu gesto bastaria para lhe ficarmos eternamente agradecidos.

E é com sinceridade que, de facto, lhe agradecemos e lhe seremos tributários desta honrosa amabilidade.

Graças a isso, seguimos em frente e prosseguimos os nossos objectivos.

Por seu lado, Avelino Subtil, ex-Vereador da Câmara de Ourém, é também um homem saído do extinto MES, contestatário e reivindicativo por natureza, características pessoais que lhe estão no sangue, segue também um rumo em direcção ao Partido Socialista.

 

Antes dessa convergência, recordamos, porém, a sua presença assídua nas reuniões da Câmara Municipal de Ourém, por altura dos anos setenta, onde, por vezes de forma quezilenta e extemporânea, manifestava os seus singelos pontos de vista, numa postura que, aos olhos do nosso tempo, se podem assemelhar a um intrépido dirigente sindical.

Bem certo é que tais vestes, feitas à medida do freguês, não são desprimorosas e muito menos balofas, mas os excessos são inimigos da perfeição, da discrição e do bom gosto.

Finalmente, e logo a seguir, surge a figura do Prof. Carlos André, homem do antigo fato de treino e das sapatilhas, com o coração, quem sabe, no Partido Comunista, e com os pés no Partido Socialista.

O epíteto “comunista” quase lhe valeu uma nega no matrimónio, mas isso não foi suficiente para que deixasse de atingir os seus amorosos intentos.

Para além de “menino do coro” no tempo de Armando Cardão, como alguns lhe chamaram, reconhecemos-lhe a perseverança na concretização dos seus sonhos e objectivos.

A sua passagem pelo Partido Socialista em Ourém, embora relativamente efémera (ou estratégica?), catapultaram-no para a ribalta, tendo chegado, como todos sabemos, a Governador Civil de Leiria.

Hoje, porém, emaranhado na sua “praia” que é o mundo académico, “virou as costas à política” e, pelo menos em Ourém, constitui (por agora?) uma nuvem do passado.

É que tem sido notada a sua incompreensível ausência por terras do nosso burgo e em campanhas eleitorais afoitas, de que são exemplo as eleições autárquicas do ano passado.

E sabendo nós que o Prof. Carlos André – homem simples que se transformou em senhor do cachimbo, astuto intelectual que preparava em casa, solitariamente, as reuniões do secretariado e da comissão política do Partido Socialista de Ourém – tem vindo a “auto-flagelar-se” nas suas concelhias aparições públicas, só nos resta afirmar que das duas uma: ou o mundo académico é um universo que o preenche totalmente, ou em breve vamos ter mais notícias dele. Só não sabemos ainda onde, já que o Partido Socialista e o Governo, palpita-nos, estão a caminhar, infelizmente (e por burrice), para o fim do ciclo.

É caso para dizer que se estivéssemos numa qualquer “FarmVille” algures por aí, haveriam de se fazer ouvir muitos MÉS, MÉS…


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publicado por João Carlos Pereira e Friends, em 30.07.10 às 15:11link do post | adicionar aos favoritos

O actor e encenador António Feio faleceu hoje aos 55 anos de idade.

Há já cerca de um ano que lutava contra um cancro no pâncreas.

A sua participação em inúmeros espectáculos, programas de televisão, peças de teatro, entre tantas outras aparições no pequeno ecrã, no cinema e no teatro, marcaram várias gerações e encheram-nos de alegria e boa disposição.

Hoje, deixou-nos, mas, como gostava de dizer, os portugueses não devem deixar de rir e de se sentirem felizes.

Até sempre António. 


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publicado por João Carlos Pereira e Friends, em 29.07.10 às 23:11link do post | adicionar aos favoritos

 

Hoje precisámos de nos deslocar ao Centro de Saúde de Albufeira, felizmente por uma questão menor.

Chegámos lá por volta das 15h00, cumprimos as formalidades burocráticas iniciais e fomos conduzidos a uma sala de espera onde permanecemos até sermos chamados para a triagem.

Feita a triagem, atribuíram-nos uma pulseira verde, uma vez que o nosso caso era de menor gravidade.

Voltámos para a sala de espera e esperámos.

Passada uma hora, continuámos a esperar.

Passadas duas horas, continuámos a esperar.

Entretanto, perguntámos na recepção qual era o tempo previsto para sermos atendidos, mas a resposta que obtivemos foi um surpreendente e seco “não sei, mas se calhar muito tempo, tem uma pulseira verde...”!

Passadas três horas, ainda esperávamos.

E o mesmo sucedia passadas quatro horas.

Passadas cinco horas, continuávamos a esperar.

Até que, já a fome nos incomodava, fomos ao bar para ver se comíamos qualquer coisa.

Foi como se Deus tivesse descido à terra naquela altura. No corredor, a caminho do bar, cruzámo-nos com o “Tó Zé” que trabalhou no Centro de Saúde de Ourém e que, por sorte nossa, está agora a trabalhar temporariamente em Albufeira.

Amavelmente, perguntou-nos o que estávamos ali a fazer.

Após lhe explicarmos a nossa situação e a “rica” tarde que tínhamos tido na sala de espera, encaminhou-nos rapidamente para uma médica, de resto muito simpática, que “perdeu” cinco minutos connosco, o tempo suficiente para nos examinar a garganta e nos receitar um antibiótico para uma ligeira inflamação!

Feitas as contas, foram precisas cinco horas para ganharmos cinco minutos!

Não sabemos se é a organização deste Centro de Saúde em particular, ou se da Saúde em geral, que está mal e que precisa de tratamento.

Mas, uma coisa é certa: temos definitivamente uma Saúde muito lenta.

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publicado por João Carlos Pereira e Friends, em 29.07.10 às 22:13link do post | adicionar aos favoritos
Esta é a versão "Home Made", by IKEA.

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publicado por João Carlos Pereira e Friends, em 29.07.10 às 17:59link do post | adicionar aos favoritos
Praia da Oura, Albufeira, Portugal

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publicado por João Carlos Pereira e Friends, em 27.07.10 às 21:13link do post | adicionar aos favoritos

 

Mário Albuquerque, ex-presidente da Câmara Municipal de Ourém, foi director do antigo Hospital de Vila Nova de Ourém antes do 25 de Abril de 1974, tendo sido nomeado pelo anterior “Sistema” ou, o mesmo é dizer, pelos homens afectos à ditadura.

Após a “Revolução dos Cravos”, e já exercendo funções na Câmara de Ourém a Comissão Administrativa nomeada pelo MFA e chefiada pelo Tenente-Coronel Rodrigues (Presidente da Câmara), Mário Albuquerque, antecipando-se a uma mais que certa destituição do cargo, apresentou na Câmara uma carta de demissão.

Logo após a sua demissão, a Comissão Administrativa da Câmara nomeou uma comissão para tomar conta do Hospital, a qual era composta, nomeadamente, por Fernando Rodrigues e por Jaime Vaz Nunes.

Inexperiente e determinado nas suas novas funções, Jaime Vaz Nunes, comunista desde a primeira hora, “encostou-se” a Mário Albuquerque, para que este lhe pudesse dar conselhos e dicas sobre a gestão do Hospital.

Por sua vez, Mário Albuquerque, uma vez “desempregado”, “encostou-se” à esquerda (leia-se ao PS) para poder desempenhar funções de “pião de brega” e continuar a “comer” do “tacho do poder”.

O PS da época, fundado em Ourém por Eduardo Graça, pelo saudoso “Néné”, por Fernando Palheiro, entre outros, passou a ser o “comedouro” para muitos saudosistas do anterior regime, dos quais se conta Mário Albuquerque.

Foi justamente nesta época que Mário Albuquerque integra as listas do PS (em segundo lugar) para a Câmara de Vila Nova de Ourém nas eleições de 12-12-1976.

Depois de estar no Hospital, Jaime Vaz Nunes tudo fez para que o Presidente da Câmara, Tenente-Coronel Rodrigues, lhe arranjasse um novo “tacho”. A sua perseverança e insistência levadas ao extremo garantiram-lhe uma nova nomeação, desta vez para a então chamada “Casa do Povo”.

Curiosamente, mesmo após as eleições de 1976, Jaime Vaz Nunes fica agarrado ao poder (tal como uma lapa se agarra às rochas), e não se demitiu do cargo, como era seu dever e como a seriedade e a razoabilidade o impunha.

Neste considerando e fazendo a devida comparação, bem esteve Mário Albuquerque quando apresentou, logo após o 25 de Abril, a sua demissão da direcção do antigo Hospital.

Jaime Vaz Nunes, por seu lado, foi igualmente um fervoroso contestatário das comemorações do 25 de Abril em Ourém, nunca tendo participado nessas comemorações, à semelhança de Sérgio Ribeiro (embora ambos comunistas, quem diria!), tendo inclusivamente criticado a agora tradicional largada de foguetes na noite de 24 para 25 de Abril, tradição introduzida pela primeira vez pela Comissão Administrativa da Câmara de Vila Nova de Ourém. Mesmo quando começou a participar dessas celebrações, anos mais tarde, fazia-o à socapa, havendo mesmo quem dissesse que essas notadas ausências eram fruto de uma certa inveja pelo facto de terem sido os elementos que compuseram a Comissão Administrativa os primeiros a proporcionar a Ourém e ao seu concelho a comemoração do 25 de Abril nos moldes em que hoje a conhecemos.

A moral destas pequenas “estórias” é que para as lapas não importa a cor da rocha onde se agarram, o que interessa apenas é que seja uma boa rocha.


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publicado por João Carlos Pereira e Friends, em 27.07.10 às 16:18link do post | adicionar aos favoritos

 

Foi com consternação e pesar que soubemos pelos jornais do falecimento, na passada sexta-feira, do antigo presidente da Câmara Municipal de Santarém, Ladislau Teles Botas, homem íntegro e lutador que tivemos o privilégio de conhecer e com quem privámos em vários momentos, mormente na vida política activa.

Jamais nos podemos esquecer do momento em que estivemos pela primeira vez com Ladislau Teles Botas.

Foi no decorrer de uma reunião de trabalho em Santarém, logo após o 25 de Abril, quando estavam em funções as famosas Comissões Administrativas nomeadas pelo Movimento das Forças Armadas (MFA), e que foram incumbidas de assegurar a gestão dos municípios até às primeiras eleições que viriam a ocorrer em 12-12-1976.

A Câmara de Ourém fez-se representar, nomeadamente, pelo seu presidente, o Tenente-Coronel Rodrigues, por Armando Leitão Pereira e pelo Dr. Vieira Dias, este último um excelente técnico que a Câmara de Ourém tinha e que, em face das suas capacidades e da sua competência, viria mais tarde a ser recrutado pelo presidente da Câmara de Santarém, Dr. Viegas (pai do saudoso Mário Viegas), que lhe reconheceu o mérito e o seu imenso valor.

Aliás, aquando da sua saída da Câmara de Ourém, foi lavrado em Acta (que presumimos ainda esteja nos arquivos da Câmara) a atribuição de um Louvor ao Dr. Vieira Dias pela incomensurável dedicação que prestou ao Município de Ourém, em geral, e à Comissão Administrativa, em particular.

Naquela reunião de trabalho, sentado ao lado do presidente da Câmara de Santarém, estava uma “figura estranha” e “enigmática”, que nos despertou a curiosidade por ser uma cara nova nessas reuniões.

Não perdemos tempo, e logo perguntámos ao Dr. Viegas de quem se tratava: o presidente da Câmara de Santarém disse-nos que era Ladislau Teles Botas, e que estava ali para aprender!

E que bem aprendeu as “lições de política”, porventura espreitando as “notas soltas” que o Dr. Viegas escrevia em letras garrafais com a sua característica caneta “Futura” vermelha.

Fruto desses ensinamentos, Ladislau Teles Botas tornar-se-ia o primeiro presidente democraticamente eleito da Câmara Municipal de Santarém.

Santarém perdeu, pois, um homem impoluto, de uma verticalidade e honorabilidade intocáveis, e nós perdemos um verdadeiro amigo.

Até sempre Ladislau Teles Botas.


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publicado por João Carlos Pereira e Friends, em 25.07.10 às 23:42link do post | adicionar aos favoritos

Todos os anos, de há muitos em diante, o Algarve, e mais concretamente Albufeira, é o destino para passar umas merecidas férias.

Também todos os anos, encontramos, em Areias de São João, novidades, seja ao nível do urbanismo, seja no plano das estradas, seja ainda no campo da restauração, da hotelaria ou da diversão.

A zona de Albufeira, em particular, está, por isso, melhor a cada ano que passa.

Quando nos pomos a comparar a evolução de Ourém com aquilo que vemos por aqui, é como se ficássemos parados no tempo, ancorados a um qualquer filme de época, em que os actores, por tão gastos e ultrapassados que estão, apenas nos presenteiam com coisas mesquinhas ou mesmo com nada.

É como se víssemos um filme a duas velocidades, um em marcha rápida e constante, e outro aos solavancos e atrasos.

Sinceramente, faz-nos pena, dá-nos infelicidade.

Dá-nos infelicidade ver a nossa terra, Ourém, parada no tempo e ultrapassada, desgastada num longo e fatigante marasmo que só tem tornado a nossa afirmação regional numa mera miragem.

E há tanto para explorar, tanto potencial desaproveitado.

Como foi possível termos deixado a nossa terra longe da evolução, alheia ao modernismo e à qualidade de vida da sua população?

Como foi possível termos esperado tanto tempo para dizer basta a um séquito de governantes incautos e medíocres, que nada fizeram pela nossa terra e que só adiaram irresponsavelmente o seu desenvolvimento e o seu progresso?

Como fomos capazes de dizer não a nós mesmos?

E ainda há quem mereça umas medalhas, um nome numa rua, uns louvores de alvoradas, umas mãos cheias de mesadas… E a troco de miséria de nada.

É assim que, para nós, vir a Albufeira todos os anos ajuda-nos a carregar energias e a estabelecer comparações.

As mais das vezes, porém, essas comparações são meros exercícios mentais que se frustram a cada quilómetro que passa entre Albufeira e Ourém.


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publicado por João Carlos Pereira e Friends, em 25.07.10 às 18:43link do post | adicionar aos favoritos
Câmara Municipal de Ourém
 
Presidente:

-David Pereira Catarino (PPD/PSD)

 

Vereadores:

-Paulo Alexandre Homem de Oliveira Fonseca (PS)

-Vítor Manuel de Jesus Frazão (PPD/PSD)

-Nazareno José Menitra do Carmo (PS)

-Armando Ferreira Neto (PPD/PSD)

-João Manuel Moura Rodrigues (PPD/PSD)

-Avelino da Conceição Subtil (PS)

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publicado por João Carlos Pereira e Friends, em 25.07.10 às 18:37link do post | adicionar aos favoritos
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publicado por João Carlos Pereira e Friends, em 25.07.10 às 18:21link do post | adicionar aos favoritos
"A sua tarefa é descobrir o seu trabalho e, então, com todo o coração, dedicar-se a ele" - Buda

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publicado por João Carlos Pereira e Friends, em 18.07.10 às 11:36link do post | adicionar aos favoritos

Clima bom, água quentinha, sol e muita praia.

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publicado por João Carlos Pereira e Friends, em 17.07.10 às 10:48link do post | adicionar aos favoritos

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publicado por João Carlos Pereira e Friends, em 16.07.10 às 23:11link do post | adicionar aos favoritos

Tiago Marto, nascido a 5 de Maio de 1986, é um atleta do Desportivo de Fátima cuja ambição e perseverança já o levaram a conquistar muitas medalhas por esse mundo fora.

Como gosta de dizer, "mais vale morrer de pé, que viver a vida toda de joelhos".


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publicado por João Carlos Pereira e Friends, em 16.07.10 às 21:42link do post | adicionar aos favoritos

 

O debate do “Estado da Nação” fez disparar, como seria de esperar, as criticas em duas frentes, com a Oposição a dizer que o Primeiro-Ministro e o Governo continuam a viver no "país das maravilhas", e com os socialistas a tecer rasgados elogios à confiança e à firmeza de Sócrates, e à justeza das medidas de austeridade anunciadas para fazer face à crise, e que visam, através do aumento dos impostos e da redução da despesa do Estado, reduzir o défice e o endividamento públicos.

Na prática, o Governo precisa de encaixar nos cofres do Estado qualquer coisa como 2,1 mil milhões de euros até ao final de 2010, para atingir a meta dos 7,3% de défice.

Do nosso ponto de vista, o que importa agora saber é se estas medidas são, só por si, suficientes para baixar o défice no curto / médio prazo, se são suficientes para criar expectativas positivas nos mercados e para relançar a tão almejada recuperação económica do país.

Tudo depende do ângulo com que olhamos esta crise e entendemos os seus fundamentos ou características intrínsecas.

Para Sócrates, esta crise atingiu todos os países da Zona Euro, e toda a Europa está a reagir em conjunto a este ataque especulativo à dívida soberana, o que explica o facto de o pacote de medidas, aprovado entre o Governo e o PSD – mas sob o olhar atento de Bruxelas e, em particular, da Alemanha –, serem essenciais para fazer face às dificuldades reais do país.

Num ponto, o Primeiro-Ministro tem razão: estas medidas vão ao encontro do esforço que está a ser realizado em toda a Europa, em especial na Zona Euro, para fazer face a este descalabro financeiro e económico, numa tentativa de salvar a Europa e o Euro (vejam-se os casos da Espanha, com 11,2% de défice em 2009, do Reino Unido, com 11,5%, da Grécia, com 13,6%, ou a Irlanda, com 14,3% de défice em 2009).

O Primeiro-Ministro já afirmou mesmo taxativamente que, caso seja necessário, os efeitos das medidas anticrise prolongar-se-ão até 2013, muito para lá do final de 2011, que foi a meta acordada com o PSD.

O que Sócrates parece ignorar neste momento, é que a realidade económica e social dos vários países europeus é diferente, e mais diferente se torna quanto mais olhamos para as economias periféricas da Europa, como a portuguesa, a espanhola ou a grega, que estão mal preparadas e ainda não fizeram todo o trabalho de casa.

De facto, a crise que hoje atravessamos em Portugal (falando apenas no caso português) não é alheia nem está imune ao que se passa no resto da Europa e do mundo.

A crise financeira mundial de 2008, a que se juntou uma crise económica e social sem precedentes, mostraram à evidência o quanto a nossa economia é frágil e o paradoxo em que está assente o nosso modelo de desenvolvimento económico.

Mas, a nossa crise, em particular, é igualmente endémica, sistémica ou estrutural, ou seja, está-nos no sangue e, por mais de trinta anos, o país não conseguiu ultrapassá-la e, muito menos, resolvê-la.

Ao longo destes anos, os défices orçamentais foram, sucessiva e erradamente, contrabalançados pelo lado das receitas, ao invés de cortes cirúrgicos e eficientes na despesa.

Se acaso, uma família tem, em dado momento, o seu orçamento deficitário, é mais correcto endividar-se junto da banca para financiar o seu défice ou, pelo contrário, o que importa é reduzir nas despesas?

Está bom de ver que esta família hipotética tem de cortar nas despesas, pois o recurso ao endividamento só gera mais endividamento.

Ora, é precisamente isto que o Estado português tem feito, isto é, equilibrar as contas através do aumento das receitas em vez de reduzir drasticamente as despesas. E Bruxelas sabe disso, daí a razão por que o Governo e o PSD se entenderam neste ponto, quanto às medidas de austeridade aprovadas.

E daí a razão também por que o PEC 1 não convenceu Bruxelas e os mercados, o que obrigou o Governo a tomar medidas extraordinárias (PEC 2) e a procurar um entendimento com o maior partido da Oposição.

Apesar de, a nível internacional, se terem tecido elogios às medidas anticrise aprovadas, também é certo que a pergunta que formulávamos há pouco, mantém toda a actualidade: serão suficientes para alavancar a tal “recuperação económica” de que o país precisa como de pão para a boca?

É claro que, como muito bem admite o Governo, as medidas que foram anunciadas podem ter efeitos recessivos na economia: o aumento dos impostos e a consequente diminuição do rendimento disponível das famílias pode conduzir a uma retracção do consumo, o que parece ser também um dos objectivos do Governo, de forma a gerar maiores taxas de poupança no país.

Por outro lado, a maior dificuldade de o Estado se financiar nos mercados internacionais (não devemos esquecer a descida do “rating” da República promovido pelas principais agências de notação internacionais), o que leva, por arrastamento, a que os bancos e, por sua vez, as empresas e as famílias sintam o mesmo efeito, advém da desconfiança dos mercados, o que conduz a juros mais elevados para quem se pretende financiar, e a mais estagnação no investimento, desembocando, inevitável e finalmente, no aumento do desemprego.

Menos rendimento disponível, menos investimento e mais desemprego (recorde-se que a taxa já ultrapassou a barreira dos dois dígitos), conduzem à estagnação da economia, quando não raro a uma recessão, como aquela que vivemos em 2009, e cujos efeitos ainda se fazem sentir em grande espectro.

Ora, é tudo isto (e mais alguma coisa) que as medidas de austeridade pretendem evitar.

Neste momento, o problema central não é, pois, salvar a Europa e o Euro. Do que se trata é de salvar primeiro as economias europeias no seu conjunto, para que estas possam, por sua vez, alavancar a Europa e dar estabilidade ao Euro.

Em relação ao sucesso ou insucesso destas medidas, em relação à justiça e à oportunidade das mesmas, em relação à eventual necessidade de as reforçar num futuro próximo (antes de 2013), em relação ao redimensionamento da estrutura da despesa pública, passando pelos efeitos da tão propalada reforma da administração pública, são tudo temas que deixaremos para tratar noutra ocasião.

Até lá, esperemos que impere o bom senso e o interesse nacional.


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