Parece que também no mundo do futebol é preciso batermos no fundo e andarmos pelas ruas da amargura para se terem ideias luminosas.
Mourinho já tinha dito que um dia gostava de vir a treinar a Selecção Nacional, o que, a pôr-se a questão, seria só lá para a fase final da sua carreira no exterior.
Mas, foi adiantando, que não excluiria a hipótese de antecipar o seu regresso a Portugal, caso se viessem a verificar condições excepcionais que justificassem a sua preciosa colaboração, já que, segundo o próprio, nunca voltaria as costas ao seu país numa situação crítica e periclitante.
Ora aí está. Todo o imbróglio que se criou em torno da figura de Carlos Queiroz, da Selecção Nacional de Futebol e no antes e depois da nossa presença no Mundial da África do Sul, imbróglio esse que é sobejamente conhecido de todos, é motivo bastante para justificar a presença de José Mourinho enquanto “Salvador da Pátria”, e numa derradeira tentativa de salvar a honra do convento.
Para tanto, Gilberto Madaíl, presidente da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), deslocou-se hoje a Madrid, numa visita relâmpago e à revelia da vice-presidência da FPF, para suplicar a Mourinho que ajude a qualificar a Selecção Nacional para o Euro 2012.
Mourinho parece ter gostado da ideia e a bola está agora do lado do seu patrão, o Presidente do Real Madrid, com quem Madaíl deverá reunir-se dentro em breve, para o pôr a par das nossas “Euro-necessidades”.
Quem não gostou do filme (leia-se da visita “inesperada” de Madaíl a Madrid), foi a vice-presidência da FPF, que não teve prévio conhecimento dessa deslocação.
Quase que estamos a ver o dinossauro futebolístico Amândio de Carvalho, qual lapa, a bradar aos céus e a espumar pela boca quando soube da viagem do seu presidente pela comunicação social.
Como bom português, certamente que se sentiu como o “corno” desta história. Bem feito para ele e para o seu séquito de fiéis seguidores.
Deus permita que uma das condições para Mourinho aceitar o convite seja limpar a Federação Portuguesa de Futebol desta tralha que só conspurca o futebol português.
Entretanto, bom seria termos José Mourinho entre nós. Vemos com bons olhos essa ideia e julgamos que é o sentimento de todos os portugueses.
Mourinho, seja bem-vindo.