Não podíamos deixar de nos associar, neste momento de consternação, à dor sentida por milhares, senão mesmo milhões de portugueses que nutriam por Artur Agostinho uma estima e um respeito imensos, não só pelo profissional que foi, mas também e sobretudo pelo homem de respeito, de coragem, de valores profundamente arreigados que soube subliminarmente transmitir aos outros ao longo dos seus noventa anos de vida.
O seu falecimento ontem deixou o país órfão do homem dos “sete ofícios”, que passou pelo teatro, pelo cinema, pela televisão, pela rádio, que deixou materializados nos nossos ouvidos os seus comentários desportivos, onde deu prevalência à verdade, à simplicidade e ao rigor que sempre o caracterizaram.
Já na derradeira etapa da sua vida, aliou a paixão que sentia pelas letras à sua faceta de escritor, deixando para a memória do tempo as suas próprias memórias enquanto Ser íntegro, de uma generosidade contagiante e de uma bondade rara.
Já homem feito, com a sua vida a bater quase nos sessenta, “exilou-se” por vontade própria, como gostava de afirmar, no Brasil, terra que o apaixonou e que o acolheu de braços abertos. Numa terra longínqua da sua Pátria e sem pedir nada a ninguém, como era seu hábito, logo encontrou quem lhe estendesse a mão e o convidasse a fazer parte de diversos órgãos de informação, rádios, jornais e televisão, onde deixou o seu cunho pessoal, onde criou e sedimentou amizades e onde o seu papel de jornalista e comentador foi tantas vezes reconhecido e elogiado.
Portugal teve, pois, o privilégio de ver nascer um homem cuja altivez de carácter, bondade e generosidade teve, tem e há-de continuar a ter a força de contagiar várias e sucessivas gerações de portugueses.
Pela nossa parte, Artur Agostinho ficará para sempre guardado no nosso “livro de recordações”, cujas páginas albergam todos aqueles para quem o destino, não tendo sido sempre generoso, ainda assim permitiu que deixasse uma marca indelével nos nossos corações.
O nosso bem-haja e até sempre.