Em tudo há um antes e um depois... e este foi, sem dúvida, um desses acontecimentos. Paz a todos os que pereceram neste dia.
Em tudo há um antes e um depois... e este foi, sem dúvida, um desses acontecimentos. Paz a todos os que pereceram neste dia.
As chamas voltaram hoje ao concelho de Ourém, precisamente no mesmo local onde há sete anos se viveu o inferno a que hoje pudemos tristemente assistir. Só um ingénuo poderá acreditar em infelizes coincidências, e pensar que não há mão criminosa por detrás de tão horrível cenário.
Foto: Paulo Cunha / LUSA
É este espectáculo deprimente que ainda é tradição em Portugal? É isto que ainda merece a conivência do Estado português, porquanto representa a cultura de um povo?
A barbárie que a foto retrata (Alcochete), assim como os dois homens abjectos que a protagonizam, mais um punhado que a alimentam, estarão todos para além dos legítimos direitos dos animais?
Neste país distraído que é o nosso, os danos contra a natureza valem mais que os danos contra os animais?
Excepções? Quais excepções, quando o que está em causa é o sofrimento e a morte deliberada, humilhante e degradante de um ser vivo?
E lembrar-me eu que tudo isto acontece a troco de uma “festa” absurda – a chamada estupidamente “festa dos touros” –, suportada por duvidosos valores e tradições seculares, em que se aplaude a desgraça alheia e em que as autoridades fecham os olhos para que a carnificina continue impune e desoladoramente encorajada…
Se vivêssemos num país de fantasia (ou será que vivemos mesmo?), haveria certamente um dia em que o feitiço se virava contra o feiticeiro, e seriam os (agora) coitados dos touros a fazer valer a sua forte personalidade e a embandarilhar e a desencornar todos os valentões cobardes que contra eles acometem. E haveria tantos por aí…