Novo Blog para o Concelho de Ourém. Rumo à Excelência. Na senda da Inovação
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publicado por João Carlos Pereira e Friends, em 16.08.12 às 22:25link do post | adicionar aos favoritos

Em frente ao cemitério junto do Castelo de Ourém ergue-se esta placa que assinala a presença de uma escadaria que pretende homenagear o Reverendo Padre José Joaquim Pereira da Silva, o qual, como bem se pode depreender pelas fotos, foi o Fundador da Sociedade Filarmónica Oureense.

O insólito acontece quando lemos “fundedor” em vez de “fundador”, e “filarmonica” em vez de “filarmónica”.

Dois erros crassos como estes não são desprezíveis em tão singela placa, ficando a dúvida se são resultado de um problema técnico de gravação ou se, pelo contrário, são fruto da ignorância do homem.

De qualquer maneira, a responsabilidade do revisor da obra também não esteve à altura das circunstâncias, o que permitiu até hoje – e não sabemos desde quando – que esta obra-prima continue ali pregada.

A bem da língua portuguesa, seria bom que os erros fossem rapidamente corrigidos, até por uma questão de respeito pelo homenageado. A não ser que assim se escreva em bom português e sejamos nós a estarmos enganados.

 

 

Foto tirada em 15-08-2012


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publicado por João Carlos Pereira e Friends, em 07.09.11 às 18:25link do post | adicionar aos favoritos

 

Um dos assuntos que está na ordem do dia, para além da crise, do aumento de impostos, da Troika e outras coisas tais, é se devemos criar (mais) um imposto, desta vez sobre a chamada “fast food”, aquilo que outros designam de “junk” (lixo), de “comida de plástico” ou simplesmente de “comida para encher pançudos”.

Ainda recentemente, o Bastonário da Ordem dos Médicos classificava esse tipo de comida como “lixo alimentar”, propondo mesmo a criação de um imposto, com o objectivo de “limitar o consumo de medicamentos e promover a poupança na saúde”.

Devo dizer, desde já, que acho a ideia completamente estúpida, absurda e inusitada, tanto mais que haveriam muitos outros alimentos altamente calóricos que, provocando os mesmos efeitos nas pessoas quando comidos em excesso, ficariam de fora de tão drástica medida.

Para além disso, se há por detrás desta proposta uma ideia economicista, como parece ser o caso, não lembraria a ninguém taxar a mão de vaca com grão, as tripas à moda do porto ou a feijoada, só para citar alguns exemplos.

 

Com efeito, parece-me que o busílis da questão não é este, ou seja, o problema não está no tipo de comida em si, embora saibamos todos que a “fast food” quando ingerida em excesso provoca maleitas na saúde, logo obriga ao consumo de mais medicamentos e, por fim, faz disparar os custos da saúde.

Ponham uma criancinha (ou um adulto, pois o efeito pernicioso é o mesmo) a comer todos os dias mão de vaca com grão ou chispalhada, e vão ver o que lhe acontece…   

A verdade, é que para certos pais se torna mais fácil dar meia dúzia de euros aos filhos para eles se irem deleitar com o tal “lixo alimentar”, do que empregarem esses eurozinhos em alimentos saudáveis e confeccionarem em casa, por exemplo, uma bela, rica e nutritiva panela de sopa.

O que é verdade também, é que, por vezes, são as próprias famílias, os pais, a incentivarem os filhos a consumir esse tipo de alimentos.

Conheço até alguns que não deixam de, pelo menos uma a duas vezes por semana, acompanhar alegremente os filhinhos ao conhecido império norte-americano dos hambúrgueres, só porque é chique ou está na moda. Quantas vezes não encontramos nesses lugares “pecaminosos” os próprios adultos, muitos dos quais depois se queixam que os filhos só comem porcarias ou estão obesos?

Mas, felizmente, também conheço outros pais que proíbem simplesmente os filhos de frequentar esses “antros de perdição”. E fazem-no, não sem antes os ensinar, em casa, o que devem ou não comer, o que é uma alimentação saudável e equilibrada e os benefícios e malefícios que os diversos alimentos têm para a sua saúde.

O problema é, pois, mais uma questão de educação das pessoas, que deve começar em casa, passar pela escola e terminar na sociedade em geral, do que propriamente a simples e fácil taxação dos alimentos que fazem mal quando ingeridos em excesso.

Quando não temos solução para o problema ou não queremos enfrentá-lo de frente, ou quando nos demitimos de analisar profundamente as suas raízes e as suas causas, então enveredamos pelo caminho mais fácil, que neste caso é a taxação da “fast food”, tornando-a mais cara e proibitiva.

 

Salazar também proibiu o consumo da Coca-Cola em Portugal. O que aconteceu, é que as pessoas iam bebê-la a Espanha. E sabemos todos que o fruto proibido é sempre o mais apetecido…

Querem uma alternativa para este dilema? Apostem na educação das pessoas, obriguem as criancinhas a ter aulas de nutrição nas escolas (desde quando é que elas aprendem esta temática nas escolas?), criem no país um verdadeiro caldo de cultura a favor da literacia alimentar e ensinem as pessoas a saber comer, e a privilegiar uma alimentação saudável e equilibrada, para si e para os seus filhos.

Enquanto isto não acontecer, de pouco vale taxar os hambúrgueres, a orelha de porco ou as francesinhas, porque os hábitos alimentares dos portugueses continuarão a ser inexoravelmente os mesmos, e a existir pais patéticos que continuarão a dizer com a boca cheia que gordura é formosura…

Por tudo isto e mais alguma coisa, deixem-se de tretas e mais impostos, e ensinem mas é as pessoas a comer. Mas, comecem pelos mais pequenos, pois já se perdeu uma geração com os pais deles…


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publicado por João Carlos Pereira e Friends, em 02.09.11 às 18:28link do post | adicionar aos favoritos

 

As redes sociais são prolíferas, entre outras coisas, para proporcionar um leito confortável aos menos audazes, que não são capazes de sacudir o anonimato das costas e assumir a sua identidade e as suas ideias.

Mercê de uma fraqueza de espírito ou, quem sabe, de alguma maleita congénita aguda, arrogam-se de uma mão cheia de vaidade, apenas com o fito de mostrarem uma folha de serviço, sabe-se lá a quem e a troco de quê.

A mais recente novidade cibernáutica chega a Ourém através de uma página do Facebook, intitulada “Ourém Desabafos”, cujo emblema identificativo é o que os estimados leitores podem encontrar mesmo aqui ao lado.

Não fosse a obscuridade que envolve a sua criação, o anonimato do(s) seu(s) criador(es) e a “dinâmica literária” que anima a referida página, donde se exclui evidentemente a honorabilidade de quem a segue e nela escreve, e o assunto ter-me-ia passado completamente ao lado. Porém, como oureense de “gema” que sou – como é usual dizer-se sobre quem nasce e é criado em determinada localidade (sim, parece caso raro, mas é verdade, pois tive o privilégio de ter nascido em pleno centro da minha Vila Nova de Ourém, faz agora pouco mais de quarenta anos) –, não podia ficar indiferente a mais esta tentativa tosca de burlar as pessoas com uma iniciativa despudorada como esta.

Há, e repito, há por vezes razões que a própria razão desconhece, súmulas antiquadas que nos iludem e confundem, esqueletos escondidos no armário, cujas auras recalcadas e doentes reflectem criaturas sedentas de glória, de protagonismo e de muita confusão.

Acaso António Aleixo fosse vivo, teria certamente motivo para voltar a parafrasear um dos seus ilustres escritos, uma preciosidade da nossa literatura, tantas vezes esquecida por muitos, mas na sua essência bem viva entre todos nós (porventura mais viva do que alguma vez possamos imaginar): “Sei que pareço um ladrão, mas há muitos que eu conheço, que sem parecer o que são, são aquilo que eu pareço” (SIC).

Claro que é muito mais fácil carimbarmos a nossa existência com o nosso egoísmo e a nossa petulância, embora isso seja um pífio sinal de bondade e espelhe a fraqueza atroz do Ser Humano.

Raiar a legitimidade da voz humana através do ruído ensurdecedor da escuridão e do medo é meio caminho andado em direcção ao ridículo e ao abismo.

O mesmo abismo que não tem dó nem piedade por todos aqueles que, sendo deliberadamente fracos, fazem do anonimato a almofada confortável da sua perene inexistência, e para quem a História será um mero repositório de letra morta.

 

PS: Este escrito é dedicado, em abstracto, a todos aqueles e a todas aquelas que fogem da frontalidade e da assunção clara e inequívoca das suas ideias como o diabo da cruz.

E dedicado é também a todos os paus-mandados, a todos os intrépidos paladinos da desgraça, àqueles espíritos sem rosto que apenas merecem a nossa singela piedade.

Aos ofendidos ou a quem a carapuça serviu, deixo por fim uma palavra: revelem-se e assumam-se, e sejam bem-vindos ao mundo vivo dos Homens.       


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publicado por João Carlos Pereira e Friends, em 19.06.11 às 17:47link do post | adicionar aos favoritos

 

Confesso-vos que fiquei atónito com o Editorial desta semana do jornal “Notícias de Ourém”, mais concretamente com o facto de o meu estimado amigo “Tony” andar a fazer alegadas pressões junto do director do jornal, no sentido de “diminuir” a exposição pública de outros cronistas (leia-se do PSD/Ourém) nesse mesmo jornal, com a alegada – a fazer fé nos relatos tornados públicos – conivência da Câmara e do seu presidente.

Meus caros, o mundo deve estar de pernas ao contrário, anda tudo doido, ou então a esclerose deve ser mais do que múltipla, perdoe-se-me a expressão, mas é mesmo assim.

Afinal, segundo me lembro, antigamente nas reuniões de secretariado ou da comissão política do PS/Ourém, indignávamo-nos e criticávamos o PSD por usar o dito jornal como meio propagandístico, de fazer uma selecção quase natural dos artigos que publicava e, sobretudo, quem poderia figurar nessa lista, e agora, vira-se o feitiço contra o feiticeiro, e são vocês aqueles que, segundo alegadamente parece, andam a fazer aquilo que criticavam quando estavam na oposição.

A ser verdade o que se tem escrito, será bom porem a mão na consciência e não cuspirem no prato onde um dia já comeram.

Meus senhores, a dignidade e a abnegação que se reclama no exercício do poder político neste país semi falido e podre que se chama Portugal, também passa pela bondade e honestidade com que se exerce o poder autárquico.

Aliás, quando a nível local vemos enquistamentos e desconformidades destas (para não lhe chamar nomes mais feios), imagine-se o que não vai por esse país fora.

Pois bem, sabendo eu que o país não precisa de “xicos espertos” e de muletas, ou até mesmo de canadianas, vamos a ganhar juízo que é para ver se, para a próxima, não têm de engolir o sapo que o infortunado Sócrates teve de engolir nestas eleições.

Seria uma grande frustração, eu diria uma frustração do outro mundo, uma espécie de peregrina ou “Moura” frustração.

Seria interessante esta combinação de juventude, uma certa rivalidade é certo, mas com certeza muito profícua para a sã concorrência entre os partidos políticos, entenda-se o PS e o PSD/Ourém, a lembrar a juventude deste décimo nono governo.

Claro que vos falo na já anunciada candidatura de João Moura à presidência da comissão política concelhia do PSD/Ourém.

Fonseca e Moura são ambos jovens e a combinação de juventude poderá ser uma mais valia para o concelho.

O que não se compreende, é o facto de andarmos sempre a bater na mesma tecla, seja aqui no burgo, seja no país.

E tudo isto vem no sentido da questão de fundo inicial: mas por que raio tem a política de intrometer-se nos órgãos de comunicação social? Mas, não se aprendeu tanto com a estupidez de Sócrates e com os infortúnios de Portugal? Ninguém aprende a lição? Andará tudo louco? Mas, onde pára a responsabilidade? Haverá alguém que ainda acredite neste embuste?

Assim não vamos lá, enquanto concelho e enquanto país.

Deus vos perdoe, e a mim também, porque pecamos.

 

João Pereira    


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publicado por João Carlos Pereira e Friends, em 17.06.11 às 19:31link do post | adicionar aos favoritos

 

Já Churchill dizia que não são os partidos da oposição que ganham eleições, mas antes é o partido do poder que as perde.

Por cá, algumas mentes mais iluminadas também disseram que não foi o PSD nem o CDS-PP que venceram as legislativas de 5 de Junho passado, foi o PS de Sócrates que as perdeu ingloriamente.

Não sabemos se a narrativa está certa, apenas constatamos que Passos Coelho é agora o primeiro-ministro de Portugal, com um governo de coligação com o CDS-PP.

Sabemos também que o Partido Socialista foi o grande derrotado nestas eleições, e que José Sócrates, ao assumir em plena noite eleitoral que os resultados negativos alcançados pelo PS eram de sua única responsabilidade, entendeu que havia chegado o momento de abrir um novo ciclo político dentro do próprio Partido Socialista, dando assim espaço a uma nova liderança e a uma nova estratégia, e escancarando os corredores do partido para que as tropas se comecem a mobilizar para eleger o novo secretário-geral do Partido Socialista.

 

Seguro e Assis, já mobilizados para o embate final, terão certamente razões para achar que a conjuntura internacional e as medidas duríssimas, mas necessárias, que têm vindo e continuarão a ser impostas aos portugueses foram as principais razões para que estes penalizassem o seu partido nestas eleições.

Nem será estranho que os socialistas se mostrem inclinados a repetir o mesmo argumento de que a bola de neve das crises financeira e económica internacionais terem sido fatais para o país, a que se juntaria a crise das dívidas soberanas e o efeito dominó que as sucessivas medidas (ou não-medidas?) tiveram ao nível do crescimento da economia, mas também no equilíbrio das contas públicas.

 

Nesta perspectiva, e ainda à luz da ideia de Churchill, parece de admitir que foi de facto o Partido Socialista (o partido do poder) que perdeu as eleições, e não o PSD que as ganhou.

Ainda que este argumento possa ser verdade, dentro do PSD certamente há-de prevalecer a ideia de que os portugueses “chumbaram” a avaliação de desempenho do governo, não só pelo percurso irresponsável e sinuoso a que Sócrates expos o país ao longo (sobretudo) dos últimos quatro anos, com muitas curvas e contracurvas, mas também porque, por consequência dessas erradas políticas e má prática governativa, o governo contribuiu para o descalabro económico e financeiro do país e, em particular, do ponto de vista social e das condições de vida dos portugueses.

Aqui o PSD encontra os condimentos necessários para cantar vitória, e acaba por subverter mais uma vez a ideia de Churchill, subsistindo a dúvida de saber se foi o PSD que venceu as eleições ou se foi o PS que as perdeu.

Alguns poderão dizer que ambas as afirmações são verdadeiras, ou seja, quer estejamos do lado do partido vencedor ou do partido derrotado, as perspectivas vão sempre condizer com a posição que ocupamos: se um partido ganha as eleições, o impulso natural é para se afirmar vitorioso e assumir o feito como uma grande conquista; já se se tratar do partido derrotado, a tendência é no sentido de que assuma essa derrota e interiorize essa perda.

Foi assim com Passos Coelho e com José Sócrates.

Sócrates assumiu plenamente os resultados eleitorais que penalizaram o PS, pôs o seu lugar à disposição do Partido Socialista e afastou-se por tempo indeterminado.

 

Passos Coelho interiorizou a sua vitória, embora as actuais circunstâncias do país não deixassem margem ao partido para exteriorizações frenéticas de entusiasmo pela conquista do poder.

Coelho foi comedido na festa, não cantou de galo, mas nem por isso deve ter deixado de sentir um enorme alívio e um impulso de entusiasmo e alegria. Certamente que na sua óptica não foi o PS que perdeu as eleições, foi o PSD e a sua liderança que melhor soube conquistar a confiança dos portugueses e venceu as eleições.

O problema aqui não é pois de forma, é antes de conteúdo.

Na verdade, não importa tanto saber se é o partido que está no poder que perde as eleições em detrimento daquele(s) que está(ão) na oposição, nem se a tónica deve ser colocada naqueles que, estando na oposição, ascendem ao poder pela vitória nas eleições.

O que importa saber é qual a razão por que um partido perde eleições.

Logo, o que importa saber nesta história não é se o Partido Socialista encara este desaire eleitoral como uma responsabilidade sua, ou se o PSD beneficiou do desgaste do governo e da crise instalada no país para se refastelar em São Bento.

Não nos importa que o PSD assuma a vitória e que o PS expie os seus pecados.

O que vemos como mais importante é que o novo governo, juntamente com os parceiros sociais e a sociedade civil, saiba doravante, entre outras coisas, estar à altura das dificuldades, saiba aproveitar os numerosos diagnósticos realistas sobre o país que foram sendo feitos ao longo dos anos, saiba corrigir os erros e enquistamentos que corroem o funcionamento da administração pública como um todo, saiba procurar consensos e compromissos alargados para a exigente tarefa de aplicação do programa de resgate assinado com as instituições internacionais, ou que, numa perspectiva macroeconómica, seja ambicioso o bastante para resolver de uma vez por todas o estrangulamento da actividade económica, a sua estagnação e recessão, o problema do endividamento público e privado, o desequilíbrio das contas públicas, já para não falar no plano social e no desemprego, questões que têm vindo a acentuar-se e a constranger de forma absolutamente penosa as famílias portuguesas.

 

Mas, este é também o momento para enveredarmos por uma exigente reflexão sobre o queremos ser enquanto país, que objectivos temos para Portugal, e desses, quais irão moldar e condicionar as nossas tarefas actuais.

Afinal, em ordem a que superiores interesses nacionais estamos todos convocados para o jogo arriscado e de sacrifício que o futuro nos reserva?

Não basta dizermos apenas que o país é um pântano ou que está de tanga, que existem esqueletos escondidos no armário e que só discutimos “pintelhos”, ou ainda que não há dinheiro nem para mandar cantar um cego.

Não basta dizer ou criticar, é preciso agir, mas com urgência.

O erro em que Portugal caiu durante largos anos – o de discutir os problemas pela rama e não os aprofundar nem os encarar de frente, reféns que sempre estão os partidos políticos da popularidade dos seus governos e da perspectiva egocêntrica de uma reeleição – conduziram-nos ao ponto de ruptura em que nos encontramos.

Agora, é tempo de sermos nós – os portugueses – a criar uma ruptura com os paradigmas obsoletos do passado e a catapultar o país para a linha da frente.

E Portugal tem tantas possibilidades…

Esperamos que o governo de coligação PSD / CDS-PP não nos desiluda e que faça aquilo que o governo de Sócrates não fez, sob pena de estarmos a desperdiçar uma das últimas oportunidades de ouro para agarrar com sucesso o futuro.

Quem ganha e quem perde? Quem ganha não sabemos, mas quem perde é seguramente o país e os portugueses.


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publicado por João Carlos Pereira e Friends, em 10.11.10 às 23:28link do post | adicionar aos favoritos

 

Falar em grandes obras no concelho de Ourém, nos últimos dez a quinze anos, é falar obrigatoriamente da construção do Itinerário Complementar nº 9 (vulgo IC9), uma obra de envergadura anormal para o que estávamos habituados, mas que, nem por isso, deixou de estar isenta de avanços e recuos que quase a mataram e muitas vezes a adiaram.

Com efeito, muitos têm sido os entraves que foram sendo colocados à construção do IC9 no concelho de Ourém. Vejamos alguns exemplos:

 

a) Decisores políticos incompetentes e incapazes, que não souberam alavancar este projecto e implementá-lo em devido tempo;

 

b) Presidentes de junta (mormente aqueles em que as suas freguesias eram / são atravessadas pelo IC9) que se aliaram àqueles decisores incompetentes na ignorância e nas questiúnculas bairristas subservientes aos interesses particulares;

 

c) Gente influente da nossa praça que achava esta obra simplesmente desprezível e sem qualquer utilidade prática para o nosso concelho;

 

d) Um Plano Director Municipal (PDM) que era (e continua a ser) irrealista, mal concebido e inibidor do nosso desenvolvimento; ou

 

e) A existência de organizações ambientalistas que, armadas em únicas defensoras da natureza, vêem destruição em todo o lado e não perdem uma oportunidade para entravar qualquer projecto que cheire a progresso e a modernidade.

 

O rol de entraves seria naturalmente extenso, mas há, pelo menos, três denominadores comuns em todos eles: incompetência, falta de ambição (visão) e interesses particulares instalados.

Na verdade, fala-se há muito tempo – tempo até demais – na construção do IC9, mas fomo-nos habituando a aceitar naturalmente os seus sucessivos adiamentos, talvez por já não acreditarmos que isso fosse algum dia possível.

Não que isso fosse uma fatalidade inevitável, mas porque já não acreditávamos na capacidade dos decisores políticos para seguir em frente com o projecto, para reivindicar junto dos organismos nacionais, regionais e locais a sua construção e para se baterem afincadamente pelos interesses superiores do concelho.   

Esta desilusão latente dos oureenses foi ganhando expressão à medida que as sucessivas lideranças autárquicas se iam sucedendo, sem que se vislumbrasse qualquer luz ao fundo do túnel ou um sinal claro de que as coisas podiam ou estavam a mudar.

Não, em vez disso, o que fomos assistindo foi a um desfile de vaidades pífias e incompetências descomunais, até mesmo ao nível da concertação estratégica de esforços e interesses (legítimos) entre os vários municípios abrangidos por este troço rodoviário.  

À incompetência demonstrada, veio somar-se a falta de ambição e de visão. A visão suficiente para pôr em marcha um projecto desta envergadura, olhando mais para a frente, para o futuro, em vez de ficarmos enredados nas ideias pequenas e provincianas do “orgulhosamente sós” e das “vistas curtas”.

Uma visão que nos teria permitido criar há mais tempo uma nova centralidade para o concelho de Ourém no contexto regional e nacional, sabendo daí retirar todas as potencialidades de investimento e de crescimento que uma infra-estrutura como esta nos pode oferecer.

Mas não. Fizemos tudo ao contrário. Preferimos agir como os anões, que vivem na sua aldeia de pequenos sonhos e se contentam com um mundo de pequenas realidades.  

Aos homens (ou mulheres), sobretudo com responsabilidades políticas, exige-se que tenham ambição e visão de futuro, que tenham iniciativa, criatividade e paixão nas actividades que desenvolvem e deixem um lastro de progresso nos seus mandatos.

Finalmente, quando juntamos à incompetência e à falta de visão de futuro os interesses particulares instalados, então aí é que o caldo fica todo entornado.

É que o exercício de um cargo público não é compatível com a cedência a quaisquer interesses particulares, não é compatível com interesses menores que se sobreponham ao interesse geral, assim como não casa bem com “favores”, “amizades” e corrupção.

A verdade é que, também neste ponto, as forças de bloqueio falaram mais alto e armadilharam a pouca vontade que ainda pendia sobre quem tinha o poder e a obrigação de decidir. Pior que isso, só mesmo os próprios decisores políticos a armadilharem as suas vontades e decisões.

 

Seria bom que todos aqueles que enaltecem agora a obra, mas que contribuíram no passado, directa ou indirectamente, com a sua incompetência, falta de visão e conivência com os interesses instalados para o seu adiamento ou não construção, que todos aqueles anões que tecem veladas críticas destrutivas ao projecto e se circunscrevem apenas à tal aldeia de pequenos sonhos e se contentam com um mundo de pequenas realidades, seria bom que todos eles sentissem vergonha e rezassem um acto de contrição.   

Feitas as contas deste rosário, resta-nos uma certeza: não fossem as trapalhadas estapafúrdias a que fomos assistindo no passado, e já teríamos chegado há mais tempo ao ponto em que nos encontramos hoje.

Um ponto sem retorno, porque o IC9 é agora uma realidade inexorável e que se recomenda.


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publicado por João Carlos Pereira e Friends, em 08.11.10 às 18:51link do post | adicionar aos favoritos

 

A nível profissional, terá lugar amanhã a Auditoria Anual ao Sistema de Gestão da Qualidade da empresa onde exercemos a nossa actividade, de acordo com os princípios da Norma ISO 9001:2008, um acontecimento que já se repete há quatro anos e que se vai enraizando nos nossos hábitos e métodos de trabalho.

Tudo em ordem a satisfazer ao máximo as necessidades e expectativas dos nossos clientes, sempre com a preocupação de respeitar as normas e os regulamentos aplicáveis à nossa actividade, num processo gradual de melhoria contínua.

Mas, não é do nosso caso em particular que vos queremos falar hoje.

Trazemos hoje este tema, não só porque o achamos tremendamente pertinente nos dias que correm, mas também porque se trata de um sistema que pode ser aplicado tanto a organizações privadas como públicas.

Na verdade, as câmaras municipais, enquanto entidades públicas, têm vindo a adoptar cada vez mais este modelo de gestão, o qual consiste, em traços gerais, na avaliação levada a cabo por um Organismo Certificador devidamente acreditado, que atesta que determinada organização cumpre todos os requisitos da Norma ISO 9001 e que incorpora nas actividades que desenvolve princípios importantes de gestão relativos, por exemplo, à focalização nos clientes, à liderança, ao envolvimento das pessoas ou à melhoria contínua.

 

Trata-se, de facto, de uma mais-valia para as organizações, porquanto a sua produtividade sai reforçada (pela estruturação dos seus processos) e bem assim a sua imagem fortalecida pelo prestígio inerente à própria Certificação.

E as câmaras municipais podem e devem usufruir destes benefícios. Através da Certificação da Qualidade, serviços como as actividades de “Instrução e Pagamentos de Actos”, a “Recolha de Resíduos Sólidos Urbanos”, a “Gestão da Limpeza Urbana”, a “Adjudicação de Empreitadas”, a “Reparação e Manutenção de Viaturas”, a “Autorização de Obras de Edificação” ou o “Licenciamento de Operações de Loteamento e Obras de Urbanização” constituem bons exemplos de áreas onde as câmaras municipais podem melhorar o desempenho dos seus processos.

Esta optimização dos processos internos permite às câmaras oferecer não só serviços de maior qualidade aos cidadãos, como também fazer uma gestão mais eficiente dos recursos de que dispõem.

Aliás, há até quem defenda que a Certificação das autarquias de acordo com a Norma ISO 9001 é cada vez mais importante, principalmente porque o que se visa é uma melhoria contínua dos serviços prestados aos cidadãos, sustentada numa demonstração de confiança e empenho por uma organização e por uma gestão cada vez mais transparente e profissional.

A verdade é que a Administração Pública, em geral, e as câmaras municipais, em particular, sentem, cada vez mais, a necessidade de equilibrar a prestação de um serviço de qualidade aos cidadãos com os custos que lhes estão associados e com as receitas que geram ou obtêm.

Por outro lado, as organizações, sejam públicas ou privadas, para além da Certificação do seu Sistema de Gestão da Qualidade, podem obter ainda certificações, nomeadamente, no âmbito da “Gestão Ambiental”, da “Segurança Ocupacional”, da “Responsabilidade Social” ou da “Segurança Alimentar”.

 

A terminar, formulamos daqui votos para que a Câmara Municipal de Ourém, na pessoa do seu presidente, Paulo Fonseca, siga, entre outros, os exemplos dos municípios da Guarda, Castanheira de Pêra, Celorico de Basto, Guimarães, Lisboa, Nelas, Porto, Batalha, Cantanhede, Mira, Trancoso ou Vila Nova de Gaia, e implemente também o seu Sistema de Gestão da Qualidade – a bem de TODOS, e pela prestação de um verdadeiro serviço público eficiente e de qualidade.


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publicado por João Carlos Pereira e Friends, em 25.10.10 às 19:38link do post | adicionar aos favoritos

 

1. No passado dia 17 de Setembro, na rentrée do Jornal “Notícias de Ourém” após umas merecidas férias, ao desfolharmos o jornal fomos surpreendidos por uma agradável novidade, na página 15, na “coluna da esquerda”, com um texto de opinião de Carina João, fatimense e deputada do PSD à Assembleia da República pelo distrito de Santarém.

À sua nova coluna, que já aqui mereceu referência, deu a autora o título de “Actualidades”, fazendo antever que os oureenses, no sentido mais lato do termo (abrangendo, por isso, todo o concelho), passariam agora a dispor de um contraponto à “coluna da direita”, protagonizada há já algum tempo por António Gameiro, urqueirense e igualmente deputado à Assembleia da República pelo distrito de Santarém, mas eleito pelas listas do PS.

Confessamos que vimos com bons olhos esta nova coluna de opinião, não só porque, na nossa terra, parece reinar uma certa timidez que leva as pessoas a não expressar, frontal e publicamente, as suas ideias ou opiniões, mas também porque a pluralidade de pontos de vista é enriquecedora para o debate e o confronto de ideias.

E a propósito disto, é um facto que muito poucas pessoas têm a coragem de dizer o que pensam, sobretudo quando estão amarradas a qualquer poder instalado ou numa posição de subserviência em relação a esse mesmo poder. Outras ainda, passado o frenesim das campanhas eleitorais, eclipsam-se e nunca mais ouvimos falar delas.

Coarctadas da sua liberdade de expressão, estas pessoas acabam por tornar-se acéfalas, sombras ambulatórias do poder, apêndices partidários ou meras caixas de ressonância dos seus líderes partidários.

Para além disso, é legítimo, pelo menos para quem está de fora, pensar que estas figuras simbólicas nada nos têm para contar, que não seja um discurso alinhado ao milímetro com as “cassetes” que ouvem.

É por isso que já fazia falta, muita falta aliás, termos no nosso concelho os pontos de vista do maior partido da oposição (quer a nível nacional, quer local), para não sermos obrigados a comer sempre do mesmo prato.

Não obstante tudo isto, e apesar de a coisa prometer, devemos dizer que, afinal, a montanha pariu um rato.

 

 

2. Na verdade, Carina João, que já vai nas suas terceiras actualidades, começou-nos por falar da proposta de revisão constitucional apresentada pelo PSD, tecendo rasgados elogios à actuação e às opções preconizadas pelo seu líder, isto é, Pedro Passos Coelho (outra coisa não seria de esperar, a menos que pertencesse à ala dos dissidentes social-democratas). Ora, não pondo em causa a necessidade óbvia de rever a Constituição, adaptando-a às novas realidades que vivemos, pensamos, contudo, que o momento escolhido não foi o mais oportuno, já que as energias e capacidades dos partidos políticos deviam estar antes direccionadas (e aqui incluímos o governo) para a resposta à crise económica e social que enfrentamos. Foi um disparate e uma irresponsabilidade flagrantes trazer, nesta altura, para o debate político esta questão, como se o país não tivesse coisas mais urgentes e importantes para fazer e decidir. E se alguém pensa que a revisão constitucional é o éden que Portugal precisa para encontrar todas ou algumas das respostas para os seus actuais problemas, estará sem dúvida a levitar no espaço sideral.

Para que essa revisão constitucional fosse altamente profícua para os interesses nacionais, que é como quem diz, para os interesses de milhares de portugueses que andam a sentir na pele a incompetência e o desvario irresponsável e criminoso de quem nos tem governado nos últimos anos, seria necessário termos políticos sérios e honestos, orientados por um verdadeiro sentido de estado e missão pública, e isso, infelizmente, no nosso país é já uma espécie em vias de extinção. E os que ainda resistem nesta selva de pedra, não estão para compactuar com carreiristas balofos nem misturar-se com estas seitas malandras.

A primeira actualidade de Carina João foi, por isso, uma mão cheia de nada, um embuste político, uma caixa de ressonância do que vai ouvindo pela São Caetano à Lapa e por São Bento, não trazendo novidade nem tão-pouco profecia.

 

3. Na semana seguinte, ficámos atónitos ao abrir o “Notícias de Ourém” e não ver lá Carina João na sua “coluna da esquerda”! Pensámos: mas que passagem tão fugaz teve esta jovem e humilde senhora. Afinal, onde se meteu ela? Terá desistido? Teriam sido censuradas as suas actualidades?

Não queríamos acreditar, e claro que ficámos tristes, muito tristes e decepcionados. Não era justo ficarmos apenas com o preciosismo da revisão constitucional… A coisa prometia, e agora nada. Bolas, mas que raio se teria passado?

Foi então que no dia 1 de Outubro as dúvidas se dissiparam pois, ao abrirmos o jornal na mesma página 15, lá estava ela, sorridente e feliz, a preto e branco bem sabemos, mas com um semblante muito feliz. Uau, vociferámos logo, vamos ter mais actualidades!

Desta vez, era a educação e a qualificação dos portugueses. Tema sério e importante, sem dúvida, mas estávamos curiosos e ansiosos pelas novidades.

Mais uma vez, constatámos que a montanha pariu um rato, e o discurso da jovem deputada, alinhado milimetricamente com o dos seus pares, estava carregado de emoção e despejava ódios e rancores na forma como os socialistas andam a tratar a educação em Portugal.

Foi numa viagem a Taiwan (e logo pensámos: eis o motivo da ausência da sua “coluna da esquerda” naquela semana), viagem essa à custa certamente do erário público, que é como quem diz de todos nós, que Carina João, entrosando com o Ministro dos Negócios Estrangeiros local (mas que chiquíssimo), descobriu a poção mágica do sucesso para a educação: a aposta nas pessoas, na sua educação e qualificação!

Ora aí está a pólvora que nos faltava, como se um país pudesse evoluir e criar riqueza com cidadãos estúpidos, burros e embrutecidos.

Parece-nos por demais evidente que se um país não apostar fortemente na educação, instrução e qualificação das pessoas, não irá passar da cepa torta nem impulsionar o seu crescimento económico, social, cultural, científico ou político.

Enquanto preferirmos gastar no supérfluo e não investirmos naquilo que gera riqueza, seja de que ordem for, continuaremos a ser um povo acéfalo, oportunista, invejoso e medíocre. Salvo as honrosas excepções, que também as há, felizmente.

Claro que é mais fácil e conveniente atirar as pedras para o quintal do vizinho, sacudir a água do capote e dizer: a culpa é de quem está no poder. Este chavão é conhecido, mas revela a hipocrisia das pessoas.

Cara Carina João, nós também sentimos vergonha de ter tido uma ministra da educação, já lá vai muito tempo (um tempo tão antigo que, a avaliar pela sua “tenra idade”, se calhar ainda nem sequer tinha nascido), que nos impôs, no final do 12º Ano, a nós e a outros milhares de jovens deste país, uma prova de acesso ao ensino superior, errática na substância e injusta na forma, que determinou que 12 anos da nossa vida escolar tivessem um peso / importância para o Ministério da Educação de apenas 30%, ao passo que às três horas de duração da prova foi atribuída uma ponderação de 70%! Este instrumento educativo foi denominado de PGA (Prova Geral de Acesso – ao ensino superior, entenda-se), e claro que o efeito social directo desta inolvidável medida, da autoria da sua incondicional Mestra Manuela Ferreira Leite, aquela que só fala (na) verdade, fez com que milhares de jovens, cheios de sonhos e projectos, batessem com o nariz na porta das universidades e engrossassem o caudal dos descontentes com o sistema de ensino deste pequeno país à beira-mar plantado.

Ora, hoje o ensino em Portugal não está melhor nem pior do que o ensino desse tempo: progrediu-se numas coisas, mas também se regrediu noutras. Culpados? Há-os, sem dúvida. Quem são? Social-democratas, socialistas e democratas cristãos, ou seja, os que nos têm governado nos últimos 36 anos. Significa isto, em bom português, chamar os bois pelos nomes.

Não adianta, portanto, sacudir a água do capote, ou fazer discursos redondos e evasivos como o seu, estimada Carina João.

A História é um repositório de verdades demasiadamente irrefutáveis e sérias, o qual não se coaduna com verborreias populistas, disparates ou discursos fantasiosos ou hipócritas.

 

 

4. Chegados a 15 de Outubro, percebemos então que a “coluna da esquerda” era um espaço de reflexão quinzenal, facto que nos tranquilizou, pois já estávamos a imaginar que as actualidades de Carina João eram meras intermitências políticas que ressonavam ao sabor do vento.

Desta vez, fomos bafejados com um texto cujo título, “O Pântano de Sócrates”, altamente sugestivo como se vê, fazia adivinhar o que por ali vinha.

Aonde é que já tínhamos ouvido esta expressão? Pensámos nós…

E não foi preciso fazermos um exercício mental extraordinário para nos lembrarmos que António Guterres, no seu segundo governo, apresentou a sua demissão precisamente porque já não aguentava o pântano que se vivia nessa altura no país.

Mas, antes de Guterres, já Cavaco Silva havia deixado o país em maus lençóis e, depois de Guterres, tivemos Durão Barroso, autor da igualmente celebérrima expressão “o país está de tanga”, o mesmo que passou a pasta a Santana Lopes e fugiu para ir ocupar a presidência da Comissão Europeia, já para não falar deste último que, de tantas trapalhadas e asneiras que fez, acabou com um cartão vermelho do Presidente da República Jorge Sampaio, que se viu obrigado a dissolver o parlamento e a convocar eleições antecipadas.

Como vê, estimada Carina João, de asneiras e de disparates estamos nós todos fartos, e o pântano de que nos fala é apenas o resultado de sucessivos (des) governos incompetentes e imbecis que temos tido em Portugal nos últimos vinte e cinco anos.

Quando ouvimos falar hoje o Presidente da República Cavaco Silva no aproveitamento estratégico do Mar para o nosso desenvolvimento e crescimento económico, com o qual estamos absolutamente de acordo, convém, no entanto, que o país não se esqueça de que foi o mesmo Cavaco Silva, na altura primeiro-ministro, que, face ao deslumbramento dos milhões vindos da CEE, acabou com o que restava da nossa agricultura, das pescas, da marinha mercante, das minas (abandonadas e fechadas), da indústria, etc., etc., etc..

Quem não se lembra, aliás, dos famosos cheques chorudos que o país recebeu precisamente para acabar, por exemplo, com a agricultura? Há até quem afirme que esse abandono custou a Bruxelas uns “míseros” 600 milhões de euros, preço demasiado elevado para o nosso país, já se si com uma economia terceiro-mundista, e agravada por ter ficado dependente apenas do turismo e do comércio e serviços.

Carina João refere ainda que “este governo vai deixar-nos a maior dívida pública dos últimos 160 anos”, mas esquece-se, deliberadamente ou não, que o mundo, e Portugal por arrastamento, experimentaram a maior crise económico-financeira dos últimos 100, para a qual os governos (não só o português) não souberam encontrar as melhores respostas para lhe fazer frente.

Ora, independentemente das opções políticas que cada governo europeu e mundial adoptou para fazer face a esta crise, cujos efeitos nefastos ainda hoje se fazem sentir, a verdade é que, e nisso o PS tem razão em continuar a lembrar aos portugueses, às debilidades estruturais internas veio juntar-se as consequências do liberalismo económico desregrado, da desregulação dos mercados financeiros e da inércia com que os estados foram observando o funcionamento, e o posterior dasabamento, do modelo económico até agora tido como perfeito e inabalável.

Aqui reside a mudança de paradigma reivindicada por todos aqueles para quem a passividade dos estados, face ao poder económico e financeiro, já há muito deixou de ter qualquer significado e razão de ser. Só muito tarde os governos se “aperceberam” do falhanço deste modelo económico e, quando isso aconteceu, já era tarde de mais.

Deste modo, ao contrário do que Carina João nos quer fazer crer, as debilidades estruturais do país não são uma consequência única e exclusiva do governo de José Sócrates, mas antes o acumular de trapalhadas e irresponsabilidades cometidas pelos decisores políticos ao longo dos últimos 25 anos.

 

Se Cavaco Silva, enquanto primeiro-ministro, derreteu a nossa agricultura, as nossas pescas ou a nossa marinha mercante (temas agora falsamente caros para quem tem demasiadas culpas no cartório), também António Guterres não lhe ficou atrás, o qual teve a “ingenuidade” de pensar que o país iria conseguir suportar eternamente um aumento significativo da despesa apenas com base nos rendimentos gerados pelo comércio e pelo turismo, actividades que acrescentam pouco valor à nossa economia e das quais nenhum país pode viver por muito tempo.

Mas, grosso modo, o que os números nos revelam acerca da evolução da economia portuguesa nos últimos 20 anos, é que verificou-se uma expansão elevada na parte final dos anos 80, uma contracção em 1993, crescimento forte na segunda metade dos anos 90 (Guterrismo), quase estagnação nesta década, com nova queda em 2003, e recessão profunda em 2009.

António Guterres, que vivenciou este forte incremento da nossa economia na segunda metade dos anos 90, com um crescimento médio do PIB de 4%, deslumbrou-se com os milhões jorrados de Bruxelas e, em vez de aproveitar este excesso de liquidez para amortizar a nossa dívida pública, preferiu engordar o “monstro” (havendo mesmo muitos, muitos mesmo, “Jobs for the Boys”), desbaratar o dinheiro, incentivar o consumo privado e o endividamento das famílias, de que são exemplos o famoso crédito bonificado à compra de habitação, que levou a que milhares de jovens famílias se endividassem por muitos e longos anos junto da banca, ou o crédito facilitado ao consumo para fins tão diversos desde a compra de automóvel, passando pelos electrodomésticos e mobiliário, até às férias nas Caraíbas.

Portugal estava no seu “melhor”, era um (im) perfeiro “El Dourado”, muito também à custa da nossa entrada no Euro. Mas, vivia-se sobretudo muito acima das nossas possibilidades, e o governo, principal responsável por este descalabro despesista, não soube estar à altura dos acontecimentos e travar aquilo que muitos anteviam como o suicídio colectivo de um país.

Portugal a viver acima das suas possibilidades e a gastar mais do que aquilo que produzia, só podia mesmo estar a caminhar em direcção ao pântano que levou Guterres a bater com a porta e a Durão Barroso a afirmar que “o país estava de tanga”.

 

E Portugal não melhorou com o governo efémero de Santana Lopes, antes pelo contrário, ganhou, isso sim, mais despesismo inútil e muitas trapalhadas. Ao ponto de o próprio Santana Lopes, qual Manuel Pinho do PS, declarar que o país não estava em crise e que se recomendava. Tanto se recomendava, que fechámos o ano de 2005 com um défice de 6,1%. Precisamente esse défice que Sócrates viria a herdar e com o qual foi confrontado no início do seu primeiro mandato.

A história de José Sócrates, essa, também tem mostrado à evidência que nem sempre foram tomadas as melhores opções para fazer face aos problemas que enfrentamos. A governação socialista também está recheada de coisas menos boas e que poderiam muito bem ter sido evitadas, não fosse o autismo / autoritarismo que tem caracterizado a acção política do primeiro-ministro. E não é só José Sócrates e os “boys” do PS (em todos os partidos existem “boys”), que têm contribuído para o descrédito do governo socialista e da política em geral: parte dessa responsabilidade também está do lado as oposições, que não têm sabido (ou querido) estar à altura das responsabilidades que o país tem enfrentado e continua a enfrentar. É que, apesar de ser mais politicamente correcto afirmar que a culpa é exclusivamente do governo, os partidos da oposição não se podem demitir do dever de formarem alternativas credíveis e responsáveis a quem quer que esteja a gerir o país.

Apesar de haver ainda muito para dizer, e porque o texto já vai longo, permita-nos finalmente rebater, estimada Carina João, o último parágrafo das suas actualidades.

Afirma que “a culpa deste descalabro não é da crise. São os socialistas que nos governam. O país das maravilhas de Sócrates, mais não é que o pântano por si alimentado”.

Deixe-nos dizer-lhe que as asneiras de Sócrates, que também as há (como acima ficou demonstrado), são apenas o fim de um rosário que já vai longo e que teve o seu começo há 25 anos atrás.

 

O pântano a que chegámos, não é propriedade exclusiva do actual primeiro-ministro, é fruto de sucessivos erros políticos estratégicos que fomos cometendo ao longo dos últimos anos, graças à irresponsabilidade e à incompetência dos nossos governantes.

E é também por causa de comentários pífios como o seu, permita-nos que o digamos com todo o respeito, que o descalabro há-de continuar, infelizmente, ainda por alguns anos.

Sacudir a água do capote ou tentar passar por entre os pingos da chuva são malabarismos tacticistas a que esta reles classe política já nos vem habituando há muito tempo. E é um hábito com tanto tempo, que para a esmagadora maioria dos portugueses já é normal que assim seja.

Quem a ouvir falar, cara Carina João, fica com a sensação que Portugal nasceu em 2005, o que, como todos sabemos, não é verdade.

Assim sendo, a elevação da política reclama também que haja da sua parte seriedade e honestidade para que, em vez de se esconder atrás de tácticas eleitoralistas execráveis e inverdades flagrantes e malparidas, explique aos oureenses e aos portugueses que o estado a que chegou o nosso país é fruto de uma cadência histórica de actos políticos errados e perfeitamente identificados, de opções duvidosas e com múltiplos protagonistas, aos quais a História de Portugal não deixará certamente de fazer a justa referência. Para que as próximas gerações possam separar o trigo do joio, e saibam verdadeiramente o que é que os políticos e os portugueses dos séculos XX e XXI fizeram pelo seu país e o que é que andaram cá a fazer.

 

5. Continuamos a pensar que seria mais importante vermos nas colunas do “Notícias de Ourém” o trabalho desenvolvido pelos nossos deputados na Assembleia da República em prol do seu concelho, do que extensas dissertações que nada ajudam ao progresso da nossa terra. Partindo do princípio que a maioria da população do concelho de Ourém, sobretudo a mais idosa, não acede com regularidade à Internet (se é que chega a aceder), e cujo único meio de informação local é o jornal, diga-nos lá então, cara deputada, para além das alterações ao traçado do IC9, em que outras matérias de relevante interesse para o nosso concelho tem a senhora participado? Ou a jovem deputada acha que isso não é importante e os oureenses só prestam para lhe pagar o ordenado?


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publicado por João Carlos Pereira e Friends, em 04.10.10 às 01:12link do post | adicionar aos favoritos

 

A vossa opinião é para nós muito importante.

Por isso, elaborámos um pequeno questionário com um conjunto de questões, cujas respostas, totalmente anónimas, nos irão ajudar a conhecer melhor os nossos leitores e a melhorar cada vez mais a imagem e os conteúdos deste Blog.

Esse é o nosso objectivo: procurar aperfeiçoar este projecto, indo ao encontro das vossas expectativas.

Para o efeito, poderão encontrar nas colunas da direita, na secção dos Links (sob o título “Questionário do Blog”), a ligação para o formulário, ou então clicar aqui.

Desde já agradecemos a vossa prestimosa colaboração.

 

João Carlos Pereira e Friends  


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publicado por João Carlos Pereira e Friends, em 03.10.10 às 15:23link do post | adicionar aos favoritos
 

É simplesmente chocante vermos que os vencimentos milionários anuais de apenas vinte gestores públicos seriam suficientes para pagar o ordenado a quase 60.000 funcionários públicos.

Algo não bate certo neste país. Numa altura em que já se questiona o aumento do salário mínimo para 500,00 euros no próximo ano, numa altura em que a maioria dos portugueses tem sido obrigatoriamente convocada a contribuir com os seus já parcos recursos para a redução do défice, numa altura em que a carga fiscal sobre os contribuintes aumenta de quatro em quatro meses, numa altura em que se continuam a exigir a todos nós sacrifícios herculeanos na ajuda económica ao país, numa altura em que as teias de interesses que envolvem o poder político, o poder económico e a banca se tornam cada vez mais conhecidas e evidentes, numa altura em que ouvimos o ministro das finanças afirmar descaradamente que já não é possível cortar mais na despesa do Estado, eis-nos que somos confrontados com uma factura pública anual de quase 53 milhões de euros para pagar a esta casta elitista que parece viver num qualquer oásis à beira-mar plantado, alheia às dificuldades e aos sacrifícios que todos sentem no seu dia-a-dia.

Após o anúncio, pelo governo, da criação de um novo imposto sobre a banca, é lamentável ouvirmos os banqueiros palrar em uníssono que esses novos custos terão que ser reflectidos nas facturas dos seus clientes. E, neste ponto particular, é revoltante ouvirmos o presidente da Caixa Geral de Depósitos, Faria de Oliveira, presidente do banco do Estado, confirmar essa necessidade de imputar os custos do novo imposto aos clientes do seu banco, a Caixa, esse mesmo senhor obtuso que mete ao bolso todos os meses 371.000,00 euros.

Será que o país gera riqueza suficiente para pagar estes ordenados milionários? Será que a função de Presidente da República é uma mera figura decorativa da ordem constitucional portuguesa?

Então não é verdade que as empresas públicas REFER, Metro de Lisboa e Porto, CP, citando apenas estes exemplos, não são aquelas que aparecem sempre nos rankings das que dão prejuízos? Se os seus resultados financeiros são sempre negativos, paga-se aos seus administradores uma média de 70.000,00 euros por mês?

Será que o Sr. Belmiro de Azevedo continuaria a pagar a um administrador de uma empresa do seu grupo que apresentasse, ano após ano, resultados negativos?

Não, definitivamente algo vai mal neste país. Há qualquer coisa que não bate certo.

No 25 de Abril de 1974 as coisas correram bem e até se usaram cravos. A mesma certeza não temos quando chegar a próxima Revolução…


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publicado por João Carlos Pereira e Friends, em 03.10.10 às 04:33link do post | adicionar aos favoritos

 

Paulo Fonseca, presidente da Câmara Municipal de Ourém, foi há umas semanas atrás acusado de lhe ter saltado a tampa em plena reunião da Assembleia Municipal por, alegadamente, ter sido interpelado com desonestidade intelectual pelo líder da bancada social-democrata, João Moura, que acusou a gestão socialista de só andar a fazer trapalhadas, facto que fez com que o presidente perdesse a compostura, baixasse o nível da contra-ofensiva e acusasse o seu adversário político de mentir descaradamente, numa simbiose mútua de despautérios inusitados e muito pouco ortodoxos e democráticos.

João Moura afirmou que o executivo socialista estaria agora na sua terceira fase, a da “trapalhada”, sendo que a primeira foi a do “estado de graça” e a segunda a do “vazio de ideias e de conteúdos”.

Como quem não se sente não é filho de boa gente, Paulo Fonseca foi obrigado a apelar à honradez política, mas deixando nas entrelinhas que João Moura era um mentiroso.

Por seu lado, João Moura, em defesa da honra, lá foi dizendo que se sentia ofendido e que a expressão mentir é demasiado forte.

A avaliar pelo filme, não nos restam dúvidas de que as reuniões da Assembleia Municipal são tudo menos monótonas, para além de que se estão a tornar muito exóticas.

Vai daí, surgiram logo vozes críticas que compararam a postura do presidente à do seu antecessor David Catarino, uma espécie de clonagem perfeita no que aos modos austeros, à arrogância e ao descontrolo das palavras no exercício do poder diz respeito.

Sem prejuízo do texto que já publicámos aqui sobre este assunto, interrogamo-nos se não haverá nesta história toda alguma ponta de verdade, até porque olhando para a foto abaixo, há qualquer coisa, que não sabemos bem o que é, mas que não bate certo…

 


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publicado por João Carlos Pereira e Friends, em 02.10.10 às 03:05link do post | adicionar aos favoritos

 

Portugal abanou quando o governo proclamou a redução de 5% na massa salarial bruta dos funcionários públicos.

A cadavérica e desossada liderança da CGTP (Confederação-Geral dos Trabalhadores Portugueses – permitam-me a explicação do acrónimo, já que o Blog é seguido internacionalmente), saiu a terreiro com a ameaça frontal de uma greve geral, piscando olhinhos à sua congénere UGT (União Geral de Trabalhadores), no sentido de ambas promoverem a maior greve geral no país de que há memória, já para Novembro.

Pergunto eu: quando Sócrates, não há muitos anos atrás, anunciou em plena campanha eleitoral o aumento, se a memória não me falha, de 2,9% nos salários da função pública, o que era, aliás, à época um aumento muito acima da inflação, onde estavam os sindicatos e, mais em concreto, o que estava a fazer o Sr. Carvalho da Silva (Secretário-Geral da CGTP há “duzentos anos”) para não se aperceber desse aumento? Veio para a rua, de sobreaviso, alertar para o problema que era o governo estar a prometer mais do que podia, e a contribuir para a pré-falência do Estado, situação com que estamos hoje todos confrontados?

Alguém viu alguma dessas raposas velhas, mal cheirosas até, preocupar-se com o facto de a despesa pública aumentar por causa desse aumento irresponsável e eleitoralista?    

Não. As velhas raposas retiram-se para as suas tocas, o governo cumpriu o que prometeu (quem promete, só lhe fica bem cumprir o que promete) e, no Estado, quem ganhava 1.500, passou a ganhar mais 50, quem ganhava 2000, passou a ganhar mais 60, quem ganhava 3000, passou a ganhar mais 90, quem ganhava 4000, passou a ganhar mais 120, e por aí em diante…

São pequenos bolos como estes que, todos juntos, fazem um bolo de noiva enorme.

Significa isto que, se eu não tenho dinheiro para pagar um bolo de noiva enorme aos meus convidados, então só me resta oferecer um pastel de bacalhau a cada um.

O pior, porém, é quando aparecem aqueles (ou aquelas) que não são convidados. É nesta altura que o caldo se entorna, porque não há comida que chegue para todos.

E falo dos bois, perdão, dos “boys”, que também são uns brutos a comer. Aqueles que aparelham o Estado e sorvem a riqueza do país. Aqueles que sabem da podridão dos seus padrinhos, mas que se falarem perdem a manjedoura ou a oportunidade de estar no próximo casamento.

Agora imaginem o Estado a ter de aturar esta gente toda e, pior do que isso, a ter de sustentar a sua frenética e provinciana vontade de comer.

Eu diria que mais vale sustentar mil burros a pão-de-ló. Era mais barato e o país agradecia.

Vai daí, o que temos assistido no passado, ontem e hoje, é que quem mama do Estado é feliz.

Não importa qual é a teta que deita mais leite, o que interessa é que vá pingando.

Se o Estado não tem dinheiro para fazer cantar um cego? O que é isso? Nós estamos bem, os outros que se lixem! Primeiro nós, o clã dos chupistas, depois os outros, que trabalham para nós!

Não, meus caros leitores.

Os 5% em relação aos quais hoje tanto se chora, não significam o Estado a entrar na bolsa dos portugueses.

Acho que é o contrário. Penso que é o Estado a reivindicar aquilo que uma leva de irresponsáveis, incompetentes e inúteis têm roubado (ou levado que outros roubem) estes anos todos dos cofres do Estado, dos nossos bolsos, porque o Estado somos todos nós.

O que está em causa não é o facto de vir agora um qualquer governo exigir aos portugueses que se sujeitem aos sacrifícios que nos têm sido pedidos. Qualquer governo, com olhos na testa e com sentido de estado, só poderia chegar a essa conclusão.

O que está em causa é que, enquanto uns se deleitavam pornograficamente a comer o bolo da nossa noiva chamada República e, por causa disso, a engordar o Estado de uma forma absolutamente deselegante, egoísta e rasca, outros contentavam-se, à força, a ficar com as sobras ou a roer um qualquer osso que sobrasse.

Não são os 5% que me preocupam, até porque, mais uma vez o digo, esse é o imposto que esta corja maldita nos impôs.

Continuo a achar que o Estado, num espectacular assalto de que todos temos memória, tem sido delapidado ao longo de todos estes anos, obrigado que foi a alimentar esta seita maldita de vociferantes bem-falantes, mas, na mesma linha, pérfidos e bacocos, os quais, se ninguém meter travão, hão-de vir num futuro, que não é longínquo, a emagrecer ainda mais o nosso Estado.

Nós, portugueses, que somos o Estado, só temos de reclamar o que nos tem sido deliberadamente roubado e, nessa altura, que bom vai ser poder assistir à abertura do verdadeiro banquete, aquele que vai trazer à maioria dos convidados a certeza de que não mais voltaremos a precisar de sustentar nenhum burro (ou centenas deles) a pão-de-ló, ou melhor, a peso de ouro.

 

Sou, atenciosamente, João Carlos Pereira


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publicado por João Carlos Pereira e Friends, em 02.10.10 às 00:24link do post | adicionar aos favoritos

 

Na passada quarta-feira, dia 29 de Setembro, o primeiro-ministro José Sócrates convocou o Secretariado e a Comissão Política Nacionais do PS para lhes comunicar as medidas de austeridade que o governo aprovou, que se destinam a reduzir o défice orçamental, e que constam do PEC 3.

Em declarações aos jornalistas presentes no Largo do Rato, onde se localiza a sede nacional do Partido Socialista, Augusto Santos Silva, Ministro da Defesa, à pergunta se o governo não poderia ter ido mais longe no corte das despesas, de forma a evitar mais um aumento de impostos, respondeu no seu habitual tom inusitado, execrável e jocoso que mais cortes na despesa, para além dos anunciados, só se fosse no papel, nos alfinetes e nos clipes.

 

Inadmissível no tom e reles no conteúdo, esta afirmação parece confirmar o que temos vindo a defender em relação ao ministro da defesa: que é uma figura cinzenta, irresponsável e que goza com a situação difícil em que se encontra o país e a maioria dos portugueses.

Aliás, também o ministro das finanças, Teixeira dos Santos, já havia afirmado no parlamento há alguns dias atrás que a redução do défice pelo lado da despesa estava quase no seu limite, que não vislumbrava em que é que se podia reduzir mais em termos de despesas e que não era possível cortar mais, por exemplo, nas despesas com a segurança social, com a saúde ou com as pensões.

Pela nossa parte, deixamos seguidamente um texto, sob o título “Propostas para minimizar o peso da despesa do Estado nas contas públicas” que fizemos publicar no nosso anterior Blog, que foi escrito na sequência de um apelo feito pelo nosso conterrâneo e amigo Francisco Vieira, e que passamos a reproduzir na íntegra:

 

“Há dias, numa "rede social", Francisco Vieira secundava um "levantamento popular", que já se vem notando no país há algum tempo, a favor da apresentação de propostas que visem o corte nas despesas do Estado. Não querendo nós apropriar-nos aqui dessas propostas, permitimo-nos, no entanto, elencá-las numa simples reflexão sintética daquelas que, de acordo com um já largo espectro da população, poderiam ser as próximas medidas de austeridade a apresentar a Bruxelas e aos portugueses. Assim, cavalguemos no seguinte:

1º Extinção dos Governos Civis;
2º Redução de 230 para 180 deputados na Assembleia da República;
3º Imposição da regra de 10 para 1 nas entradas na Administração Pública (ou seja, pelo menos, por cada 10 funcionários que saiem, só entra 1);
4º Reduzir o número de ministros, secretários de estado, "subs", assessores, secretárias, conselheiros, adjuntos de conselheiros e por aí em diante;
5º Trocar as flores naturais nas cerimónias oficiais por flores de plástico (como a França já fez);
6º Cortar as viagens em primeira classe de quaisquer titulares de cargos públicos, com excepção dos titulares dos órgãos de soberania;
7º Reduzir ou extinguir quaisquer ajudas de custo, benefícios, benesses e outras coisas tal;
8º Extinguir as reformas vitalícias;
9º Redimensionar a frota automóvel, reduzindo a quantidade e a qualidade da mesma;
10º Cortar nos investimentos inúteis e desnecessários, como já começam a ser as autoestradas;
11º Extinguir serviços e institutos públicos replicados, ineficientes e que só servem para empregar "boys" e clientelas;
12º Extinguir empresas municipais, obrigando as câmaras a integrá-las na sua estrutura e a afectar-lhes os seus recursos;
13º Retirar da Constituição da República Portuguesa o princípio despesista e clientelar da instituição em concreto de regiões administrativas;
14º Privatizar empresas públicas deficitárias, procurando salvaguardar sempre o princípio da subsidiariedade, em que ao Estado cumpre "apenas" velar por aqueles sectores que a iniciativa privada não cumpre tão bem e de forma universal, como a saúde, a educação, a protecção social, a energia...
15º Aceitar a "recomendação" de Bruxelas de acabar com as "Golden Shares" em empresas estratégicas e, com isso, poupar em prémios chorudos de administradores nomeados e medíocres, que chocam e escandalizam o comum dos mortais;
16º Indexar à universalidade dos funcionários públicos um sistema de avaliação de desempenho justo e moralizante, que sirva de referência para aumentos salariais, promoções ou outros;
17º Extinguir juntas de freguesia em concelhos de grande densidade populacional, que apenas replicam serviços e absorvem recursos públicos, começando por algumas em Barcelos;

18º Definir regras rigorosíssimas nos concursos públicos, a todos os níveis da administração, para evitar as famosas e criminosas derrapagens orçamentais, em que há luvas para todos, todos saíem a ganhar, e o “Zé Povinho” é que se lixa;

19º Indexar os aumentos salariais na função pública à inflação, à produtividade e à conjuntura do momento, proibindo expressamente os aumentos eleitoralistas e acima da inflação em ano de eleições;

20º Incentivar os funcionários a poupar em recursos escassos, como a água, a energia, o papel…;

21º Reduzir os gastos em telecomunicações, incentivando o uso do telemóvel pessoal e a utilização dos meios públicos com ponderação e bom senso.

22º Restringir as nomeações políticas ou os favores de carácter pessoal, subordinando-as a critérios claros de curriculum, competência e idoneidade…”.

 

 

Notas finais: houvesse vontade política desta gente trapalhona, trapaceira e oportunista, e de certeza absoluta que não era preciso sacrificar mais os portugueses com aumentos de impostos e outras coisas tais.

 

José Ortega y Gasset disse: “Quando a política se entroniza na consciência e preside a toda a nossa vida mental, converte-se numa doença gravíssima”.

 

Nós reformulamos a citação: quando a política se entroniza na consciência de gente corrupta e sem escrúpulos, converte-se num mal insofismável para os cidadãos.


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publicado por João Carlos Pereira e Friends, em 26.09.10 às 23:59link do post | adicionar aos favoritos

 

Para fechar o capítulo da “Tourada de Ourém”, vieram agora as explicações sobre os verdadeiros motivos que levaram a Câmara Municipal de Ourém (CMO) a cancelar o evento.

A este assunto já tínhamos feito referência num texto que publicámos aqui no passado dia 26 de Agosto.

Para além disso, a edição online do Jornal “O Mirante”, do passado dia 8 de Setembro, já nos dava conta que o local escolhido pela autarquia oureense e as condições de segurança não eram as ideais para a realização do espectáculo.

Daí que a CMO, numa lógica de custo / benefício, tenha decidido pelo cancelamento da tourada, o que não vai invalidar que a autarquia se veja na necessidade de ter de pagar uma indemnização pela rescisão do contrato que celebrou para esta festa, que se estima em certa de doze mil euros.

Também o Jornal “Notícias de Ourém”, na sua edição de sexta-feira passada (dia 24 de Setembro), inteirava os oureenses dessas mesmas razões, apontando ainda o facto de a Oposição do PSD se ter insurgido contra esta “gestão errada do executivo” oureense.

 

Com efeito, os vereadores do PSD lamentaram a forma como este processo foi conduzido desde o início, afirmando que a programação do evento foi feita com “falta de rigor”, o que originou mesmo a apresentação de uma declaração política, na qual ficou demonstrado para memória futura o seu total desagrado em relação a toda esta situação.

Quem parece não ter gostado muito desta tomada de posição foi o vereador socialista Nazareno do Carmo, que lá foi dizendo que se a Oposição do PSD prefere criticar apenas o que corre mal ignorando o que corre bem, então não contem com ele para mais organizações de espectáculos em Ourém.

Pela nossa parte, queremos apenas concluir esta história tauromáquica com duas notas de rodapé.

A primeira, para dizer que o episódio é realmente lamentável. Não compreendemos como é que só em cima da realização do evento houve a preocupação com a definição do local e a ponderação das questões de segurança.

Tal como afirmou o vereador socialista José Alho, este tipo de espectáculos requer uma contratualização com muita antecedência, o que só vem provar que a CMO teve muito tempo para planear as coisas, aliás como era o seu dever. Se não as preparou atempadamente, errou, e só lhe fica bem admitir o erro.

Neste ponto, estiveram bem os vereadores do PSD por não terem deixado passar em branco esta questão, tanto mais que o imbróglio acarretou, como muito bem lembraram, uma pesada factura de doze mil euros para o município que era escusada e perfeitamente evitável, ou não estivesse a CMO na situação financeira difícil que todos conhecemos.

Acresce que foram precisas algumas semanas para que o presidente da Câmara, Paulo Fonseca, viesse assumir toda a responsabilidade pela anulação da tourada, posição que deveria ter assumido e explicado aos oureenses logo que foi tomada a decisão de não realizar o espectáculo.

 

A segunda nota tem a ver com o irascível amuo do vereador Nazareno do Carmo, que não gostou do tom da crítica formulada pelo PSD, batendo com a porta quanto à organização de eventos em Ourém.

É um facto que os gestores de empresas correm riscos, mas não são os únicos. Mas, também é verdade que os bons gestores ou os bons líderes têm de saber assumir, com humildade, os erros que cometem, e aprender com eles. Só assim serão reconhecidos e valorizados pelas equipas que chefiam ou lideram.

Resumindo: tourada houve, mas foi só para alguns. 


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publicado por João Carlos Pereira e Friends, em 22.09.10 às 18:18link do post | adicionar aos favoritos

 

Foi inaugurado no passado domingo, dia 19, o novo Complexo Desportivo de Caxarias, uma obra que custou, segundo se diz, 900.000 euros à autarquia oureense e que constitui, para o edil socialista, um equipamento de modernização para o nosso concelho.

O relvado sintético e o mini-campo agora inaugurados, assim como todo o complexo desportivo passam a estar à disposição quer dos praticantes das diversas modalidades desportivas que ali se podem praticar, nomeadamente natação, karaté, atletismo e futebol, quer à população em geral.

Esta obra enquadra-se, portanto, num dos objectivos que serviram de base à apresentação, por parte do PS, do “Compromisso Estratégico com a nossa Terra” aquando das últimas eleições autárquicas, objectivo esse que prometia fazer do nosso concelho “um município com qualidade de vida”.

Vemos com bons olhos este tipo de projectos e iniciativas, porquanto o nosso concelho sempre esteve cerceado de uma aposta forte e imparcial no associativismo, na cultura e no desporto.

Por outro lado, não podemos deixar de notar aqui a existência do futuro Regulamento de Atribuição de Subsídios, e o longo calvário que foi a atribuição desses subsídios às diversas colectividades do concelho, as mais das vezes sem lei nem roque, ou sem critérios definidos de forma clara e objectiva, que beneficiaram uns em detrimento de outros, criando assim clivagens abissais entre as várias associações culturais e desportivas existentes, de que serve para má memória futura o exemplo do Clube Atlético Oureense.

 

Finalmente, é bom que todos não nos esqueçamos que houve em tempos na Câmara Municipal, e ainda lá devem estar os papéis (claro, se ninguém os queimou ou furtou) um projecto para a construção de um Estádio Municipal na cidade de Ourém, o qual, se a memória não nos falha, era para ser implementado na zona das feiras e mercados, onde actualmente se encontra localizado o Parque Linear, entre outras infra-estruturas e equipamentos, projecto que sofreu da doença de Alzheimer durante largos anos, foi metido na gaveta e remetido ao esquecimento, para, anos depois, como que por milagre, aparecer na cidade de Fátima.

É bom que a actual maioria na Câmara não se esqueça que o concelho de Ourém é muito grande e não é só Fátima, e que, apesar de muito boa gente pensar o contrário por esse país fora, Ourém sempre foi e continua a ser a sede do concelho e não a “Cidade-Santuário”.

E isso faz toda a diferença…    


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